Da BBC Brasil – 21/08/2013
Um ataque com armas químicas na quarta-feira,
dia 21 de agosto, matou centenas de pessoas, próximo à Damasco, a capital da
Síria, segundo ativistas de oposição sírios.
A principal aliança de oposição
na Síria afirma que mais de mil pessoas foram mortas. Os dados não puderam ser
confirmados de forma independente.
Eles dizem que foguetes com
componentes tóxicos foram lançados contra o subúrbio de Ghouta, em um ataque de
forças do governo contra rebeldes. Eles afirmam ainda que há mortos também nas
regiões de Irbin, Duma e Muadhamiya.
A agência estatal Sana e o
exército sírio negam a informação.
Caso confirmado, o número de
mortos é muito superior a outros supostos ataques do tipo.
O diretor de uma comissão de
inspeções de armas químicas da ONU que está na Síria, Ake Sellstrom, disse que
viu vídeos dos supostos ataques.
"Parece-me que é algo que
precisamos investigar", disse ele à agência sueca de notícias TT.
Essa decisão, no entanto,
precisaria ser tomada pelo secretário-geral da ONU a pedido de algum país.
Pressão
Os Estados Unidos, o Reino Unido
e a França convocaram a realização de uma reunião urgente do Conselho de
Segurança da ONU, em Nova York, para discutir o suposto ataque.
O presidente francês, François
Hollande, e o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague,
pediram que os inspetores da ONU que estão na Síria tenham acesso à área onde
teriam sido usadar armas químicas.
A Liga Árabe também pediu que os
inspetores tenham acesso à região.
Imagens colocadas no YouTube
mostram muitas pessoas sendo atendidas em hospitais e lugares improvisados, mas
a autenticidade dos vídeos não pôde ser confirmada.
Mas um médico ouvido pela BBC que
diz estar tratando os feridos confirmou que os sintomas dos pacientes –
especialmente crianças – são consistentes com o uso de armas químicas: falta de
ar, excesso de salivação e visão borrada.
“Há alguns tipos de sintomas que
indicam que trata-se de fósforo, uma arma química. Pode também ser sarin, muito
provavelmente”, disse o médico, Ghazwan Bwidany.
“Nós não temos a capacidade de
tratar todas essas pessoas”, explicou. “Nós os estamos colocando em mesquitas,
em escolas. Nós estamos com falta de suprimentos médicos, especialmente
atropina, que é um antídoto para armas químicas.”
Em julho de 2012, o governo sírio
deu indícios de que possui um estoque de armas químicas, que incluiria gás
mostarda e sarin. O governo de Damasco disse que as armas nunca seriam usadas
dentro do país.
Exército
sírio
O Exército sírio classificou as
acusações de uso de armas químicas como graves, mas também destacou o direito
dos militares de lutarem contra o que classificam como terrorismo na Síria.
A instituição acusou a oposição
do governo de fabricar a acusação para desviar a atenção das derrotas que as
forças rebeldes sofreram recentemente.
A agência Sana diz que as
alegações são “sem fundamento” e “uma tentativa de desviar a comissão de
investigação de armas químicas da ONU de seus deveres”.
Os inspetores da ONU estão na
Síria desde domingo. Eles foram investigar três outros lugares onde supostos
ataques químicos foram perpetrados em março. Em um deles, na cidade de Khan
al-Assal, 26 pessoas teriam morrido.
O editor da BBC para o Oriente
Médio, Jeremy Bowen, disse que muitos se questionam por que o governo da Síria
atacaria com armas químicas os rebeldes em um momento em que inspetores da ONU
estão no país.
Mas Bowen diz que as imagens que
estão saindo da Síria nesta quarta-feira são tão chocantes que dificilmente
poderiam ser fabricadas.
O ex-comandante de um órgão de
armas químicas e biológicas do Exército britânico, Hamish de Bretton-Gordon,
também disse que é muito difícil fabricar imagens como as que estão sendo
divulgadas agora.
Ele disse que os inspetores
sírios possuem equipamentos suficientes para identificar que tipo de armamento
teria sido usado no suposto ataque.
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