Da Folha – 22/08/2013
França defendeu na quinta-feira,
dia 22 de agosto, o uso de uma força internacional para resolver o conflito na
Síria caso sejam comprovadas as denúncias de rebeldes de que o regime de Bashar
al-Assad realizou um ataque com armas químicas na madrugada de quarta-feira,
dia 21.
Segundo a oposição síria, tropas
aliadas ao ditador bombardearam quatro cidades da periferia de Damasco com um
gás que afeta o sistema nervoso, deixando centenas de mortos. O regime sírio
nega a acusação e voltou a dizer que nunca usou armas químicas contra os
rebeldes nos dois anos de conflito.
A denúncia causou forte reação da
comunidade internacional, em especial de Paris, Londres e Washington, que
apoiam a oposição síria. O Conselho de Segurança da ONU pediu
"clareza" sobre o ataque.
Uma equipe de monitores que está
na Síria ainda não recebeu autorização do regime sírio para chegar ao local. O
uso de armas químicas foi a condição imposta pelo presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, para realizar uma intervenção militar.
Em entrevista ao canal francês
BFM, o chanceler francês, Laurent Fabius, pediu uma reação da comunidade
internacional mesmo que não haja uma decisão enérgica do conselho da ONU, que
pode ser impedida pela Rússia, aliada do regime sírio.
"Teria de haver uma reação
com força na Síria por parte da comunidade internacional, mas não há dúvida
sobre o envio de tropas ao terreno".
Na quinta, dia 22, a Alemanha
também pediu investigação do incidente. Já a Turquia afirmou que "todos os
limites já foram ultrapassados na Síria" e criticou as potências
ocidentais por não terem tomado nenhuma ação para impedir a continuidade do
conflito, que já deixou mais de 100 mil mortos, segundo a ONU.
IRÃ
O chefe da diplomacia do Irã,
Mohammad Javad Zarif, acusou os rebeldes de terem feito o ataque químico.
"Se a informação relacionada com o uso de armas químicas é exata, com
certeza foram usadas pelos grupos terroristas e outros que renunciaram à fé
islâmica, que demonstraram não retroceder ante qualquer crime".
A acusação dos iranianos acontece
após a Rússia ter dito na quarta, dia 21, que grupos rebeldes que atuam na área
do suposto ataque foram os responsáveis por lançar o foguete com o agente
químico. A área é dominada por diversas milícias opositoras, incluindo a Frente
al-Nusra, vinculada à rede terrorista Al Qaeda.
Em entrevista à agência de
notícias France Presse, integrantes do Exército sírio afirmaram que o uso do
gás de destruição em massa seria um suicídio político, visto que era o primeiro
dia de trabalho de uma missão da ONU destinada a investigar a aplicação de
armas químicas no conflito na Síria.
O grupo de inspetores chegou no
domingo, dia 18, a Damasco para avaliar três suspeitas do uso do armamento na
periferia de Damasco e na Província de Aleppo. A visita foi autorizada pelo
regime sírio após quatro meses de negociações.
Em meio à discussão sobre o
suposto ataque, forças de Bashar al-Assad fizeram bombardeios ao leste da
capital, área onde teria ocorrido o bombardeio químico, assim como na região de
fronteira com o Líbano, onde alguns morteiros caíram em cidades libanesas.
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