O Ministério da Educação (MEC)
quer levar professores a escolas onde faltam docentes em ação semelhante ao
Mais Médicos. O Mais Professores faz parte do Compromisso Nacional pelo Ensino
Médio, apresentado no dia 21 de agosto, quarta-feira, pelo ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, na Câmara dos Deputados. A criação do programa já
havia sido comentada antes pelo ministro, mas é a primeira vez que é
apresentado em detalhes.
Segundo Mercadante, o compromisso
ainda está em fase de desenvolvimento e depende do Orçamento disponível. Entre
as ações do programa, está a proposta de levar professores a escolas de
municípios com índices de desenvolvimento humano baixos ou muito baixos e que
tenham um baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – índice
calculado a partir do fluxo escolar e o desempenhos dos estudantes em
avaliações nacionais.
A intenção é que, mediante o
pagamento de uma bolsa, professores se disponham a reforçar o quadro dessas
escolas. Para as escolas com baixo rendimento, a pasta quer atrair bons
professores para melhorar o ambiente acadêmico. Caso não haja professores
disponíveis na rede, o MEC cogita a participação de professores aposentados que
queiram voltar às salas de aula.
Segundo Mercadante, as áreas com
as maiores carências de professores são matemática, física, química e inglês. O
ministro diz que as disciplinas representam cerca de 3% das matrículas de
ensino superior, índice que tem se mantido constante. O Mais Professores,
esclarece o ministro, ainda é uma proposta em aberto.
Além de atrair professores para
áreas carentes, o compromisso propõe o aperfeiçoamento da formação continuada
dos docentes, com o desenvolvimento de material didático específico e a criação
da Universidade do Professor, uma rede que vai concentrar todas as iniciativas
voltadas para a formação docente. Pretende-se que em um mesmo portal o
professor possa acessar todos os cursos e programas disponíveis.
O compromisso prevê também um
redesenho curricular do ensino médio, para que as disciplinas ensinadas tenham
uma maior integração entre si. Para que o ensino seja melhorado, a pasta aposta
na educação integral. Para 2013, segundo o ministro, está prevista a adesão de
5 mil escolas no ensino de dois turnos. No ano que vem, serão 10 mil centros de
ensino.
Faz parte do compromisso a ação
Quero ser Professor, Quero ser Cientista, com a oferta de 100 mil bolsas de
estudo para jovens que queiram ingressar na área de exatas. Além disso, o
ministério desenvolveu, em conjunto com pesquisadores, um kit para estimular o
interesse pelas ciências. “Vamos distribuir os kits de ciências para alunos de
toda a rede. Ele vai poder manipular, usar. É inspirado em alguns brinquedos,
mas mais sofisticado e barato”, explicou Mercadante.
Mercadante diz que o ensino médio
é uma fase que precisa de atenção. “Andamos muito nos anos iniciais [do ensino
fundamental], melhoramos nos anos finais e simplesmente atingimos a meta [do
Ideb] no ensino médio. O que é pouco. Ainda precisamos de um salto de
qualidade”, disse.
Em 2012, 8.376.852 alunos estavam
matriculados regularmente e 1.345.864 cursavam o ensino médio pelo Educação de
Jovens e Adultos (EJA), de acordo com o Censo Escolar. A maioria das matrículas
do ensino médio está na rede estadual de ensino (84,9%). As escolas privadas
ficam com 12,7% das matrículas, as escolas federais com 1,5% e as municipais
com 0,9%.
A defasagem idade-série ainda é
alta, segundo o MEC, em 2012, dos estudantes matriculados no período, 31,1% têm
idade acima do esperado para a série que cursam.
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