Do Correio do Brasil – 02/08/2013
A multinacional Siemens teria
apresentado ao Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico (Cade), na
sexta-feira, dia 02 de agosto, documentos que atestam o aval do governo de São
Paulo nas gestões do então governador José Serra e do atual, Geraldo Alckmin, à
formação de um cartel para licitações de obras do metrô no Estado. O acordo
permitiu ampliar em 30% o preço pago em outra licitação para manutenção de
trens da CPTM. O caso se torna cada vez mais rumoroso, agora, com o vazamento
de relatório interno da empresa alemã, de fevereiro de 2000, no qual está dito
que “o fornecimento dos carros (trens) é organizado em um consórcio político.
Então, o preço foi muito alto”.
Na tentativa de se reabilitar
junto ao setor público brasileiro, diante de uma crise sem precedentes na
história da companha, a Siemens delatou a existência do cartel para compra de
equipamento ferroviário, além de construção e manutenção de linhas de trens e
metrô em São Paulo e no Distrito Federal. A formação do cartel para a linha 5
do metrô de São Paulo, segundo a empresa, começou em 2000, quando o Estado era
governado pelo tucano Mário Covas, morto no ano seguinte. O esquema se estendeu
ao governo de seu sucessor, Geraldo Alckmin (2001-2006), e ao primeiro ano de José
Serra, em 2007. Ouvido por jornalistas, o então secretário de transportes
Cláudio de Senna Frederico negou o crime, mas foi lacônico: “– Não me lembro de
ter acontecido uma licitação, de fato, competitiva”.
Protestos
Diante do escândalo, os
metroviários de São Paulo e o Movimento Passe Livre (MPL) marcaram, para o
próximo dia 14, um ato público para dar visibilidade e cobrar responsabilidades
e a apuração das denúncias de desvios de recursos públicos do Metrô paulistano
e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), no que ficou conhecido
como ‘propinoduto tucano’.
– A ideia é denunciar o cartel e
o desvio de R$ 400 milhões do metrô e os transportes, que deveriam ser usados
em investimento e redução de tarifas, por exemplo, que faria muito bem à população
– diz Mateus Preis, do MPL.
Preis diz que o Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), entre outras entidades, deve participar do ato,
cujo ponto inicial ainda está sendo discutido. Segundo o vice-presidente do
Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Sérgio Renato da Silva Magalhães, o
Carioca, a população vai ser informada do protesto e suas motivações com
antecedência.
– No próximo dia 6, vamos
divulgar uma carta aberta à população, explicando o ato, cujo núcleo é cobrar a
investigação das denúncias – disse. A carta será assinada também pelo MPL.
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