Livro-estudo lista inspirações para 50 romances
Da Folha – 08/08/2013
Da Folha – 08/08/2013
Gabriel García Márquez, então com
38 anos, dirigia rumo a Acapulco quando veio à sua mente a passagem sobre um
homem que, à beira da morte, lembra do dia em que viu gelo pela primeira vez.
Ou melhor, o trecho que abre
aquela que viria a ser sua obra-prima, "Cem Anos de Solidão", foi
escrito pelo escritor colombiano quando ele tinha 17 anos e, pelos 20 anos
seguintes, não teve sequer uma vírgula mudada de lugar.
A primeira e mais folclórica
dessas duas versões, que aliás não são as únicas para a gênese do livro, faz
parte da pesquisa que deu origem ao livro "Conversando com Mrs.
Dalloway", lançado no Brasil.
Na obra, Celia Blue Johnson busca
investigar "o que aconteceu antes da criação da primeira página" de
50 clássicos da literatura mundial, como "Anna Karenina", de Leon
Tolstói, "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, e "Alice no
País das Maravilhas", de Lewis Carroll.
A pesquisa usa como fontes
biografias, entrevistas, cartas e estudos sobre obras e autores. Em meio a esse
processo, se deparou por diversas vezes com versões conflitantes sobre os
momentos de inspiração.
"É importante lembrar que os
mesmos escritores que nos falam sobre suas inspirações são grandes contadores
de histórias. Logo, não é surpresa quando um deles decide pintar um cenário
mais encantador que a realidade", diz Johnson, em entrevista.
"Conversando com Mrs.
Dalloway", cujo título se refere ao livro de Virginia Woolf que inspirou
Johnson a iniciar sua pesquisa, é dividido em seis partes: uma para cada tipo
de inspiração literária.
Há aqueles que não esperam
sentados, por exemplo. "Não se pode ficar esperando pela inspiração. É
necessário sair atrás dela com um porrete", defende Jack London, que usou
sua vivência no Alasca para escrever "O Chamado da Floresta", sobre
um cão domesticado que redescobre seus instintos primitivos após ser
sequestrado.
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