domingo, 30 de junho de 2013

Facebook e Google comemoram aprovação do casamento gay nos EUA



Da Galileu – 27/06/2013

A Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou, no dia 26 de junho, o Doma (sigla em inglês para “Defense of Marriage Act”), lei federal que negava, aos casais do mesmo sexo, os mesmos direitos dados aos parceiros heterossexuais. Seu texto, de 1996, definia “casamento” somente como a união entre um homem e uma mulher. Por esse motivo, foi reavaliado e definido como inconstitucional. Homossexuais terão, agora, direito à herança, previdência social e outros benefícios comuns aos casais heterossexuais.
O decreto representou uma grande vitória para ativistas e simpatizantes da causa. Sem a lei impeditiva, pouco a pouco, os estados norte-americanos vão legalizando a união homoafetiva. Quem pegou carona nas comemorações da comunidade gay foram as grandes empresas de internet, como Facebook e Google.
A primeira usou uma de suas novas funções para reunir os simpatizantes. A função XXX, que acompanha a atualização do status, agora pode ser programada para “feeling pride” (sentindo-se orgulhoso, em inglês), acompanhada de um pequeno arco-íris, símbolo do orgulho gay. O recurso só está disponível para usuários conectados nos EUA e foi confirmado pela empresa como uma singela homenagem à conquista desses tão reivindicados direitos.
O Google também preparou uma surpresinha. Toda vez que o termo “gay” é pesquisado no site, a barra de buscas ganha um adereço especial, também com referência ao arco-íris. Ao contrário da ação do Facebook, essa opção está disponível para todos os países, inclusive o Brasil. Além disso, a ferramenta de busca mundial, que é dono do YouTube, fez um vídeo (Assista acima) para comemorar o ganho de direitos civis pelos homossexuais nos Estados Unidos. O anúncio foi celebrado por todo mundo – até pela cantora Madonna.

Lei argentina de fertilização assistida inclui casais homossexuais

Da Agência Brasil – 06/06/2013

Buenos Aires – A partir do dia 06 de junho, casais homossexuais argentinos poderãom recorrer a tratamento de fertilização assistida. A nova lei, aprovada no dia 05, pela esmagadora maioria da Câmara de Deputados, não faz distinção entre casais heterossexuais e do mesmo sexo ou ainda solteiros, que querem mas não podem ter filhos sem tratamento. Atualmente há 600 mil casais na Argentina nestas situações.
A lei estava em discussão há um ano e determina que qualquer pessoa com mais de 18 anos – qualquer que seja o estado civil ou orientação sexual – terá acesso a técnicas de reprodução médica, mesmo as de alta complexidade. Menores de 18 anos que, por problemas de saúde corram risco de não poder procriar no futuro, também terão direito a congelar seus gametas ou tecidos reprodutivos.
O texto da lei estava em discussão há um ano e havia sido modificado pelo Senado. Em seguida o texto voltou para a Câmara dos Deputados e foi aprovado por 203 votos a favor, um contra e dez abstenções. O custo dos tratamentos varia entre R$ 800 e R$ 20 mil. Agora, essas técnicas de reprodução assistida estarão incluídas no Programa Médico Obrigatório (PMO) e nos serviços básicos oferecidos por planos de saúde privados e de sindicatos.
Segundo o presidente da Comunidade Homossexual Argentina (CHA), Cesar Cigliutti, a aprovação da lei é mais uma prova de que “a Argentina é o país da América Latina que mais respeita a diversidade”. Os argentinos já contam, desde 2010, com uma lei permitindo o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, no ano passado, aprovou lei autorizando travestis e transexuais a escolher o nome e o sexo que querem colocar em documentos de identidade.


Opinião - Projeto que autoriza a "cura gay" é lançado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara

Programa Entre Aspas da Globo News, do dia 02/05/2013:

O sofrimento dos homossexuais, ao contrário do que quer ser defendido, não reside na própria condição do indivíduo gay, mas, sim, a causa deste flagelo "é a difícil adaptação a uma sociedade cheia de preconceitos" (Jairo Bauer, psiquiatra).

Debatedores:
- Carla Biancha Angelucci - Doutora em Psicologia pela USP - Universidade de São Paulo - e integrante do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo;
- Roberto de Lucena - Deputado Federal do Partido Verde (PV) de São Paulo e relator deste projeto de decreto, quando ainda tramitava na Comissão de Seguridade Social e Família.

Assista ao debate no link abaixo:

Opinião - Efeitos colaterais da 'cura gay'

Do Estadão – 30/06/2013

Na última semana, enquanto em uma decisão histórica a Suprema Corte dos EUA derrubava a lei que proibia o governo federal de reconhecer matrimônios entre pessoas do mesmo sexo, um triste balanço divulgado aqui pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) revelava um aumento de 46,6% nos casos de violência física, psicológica e discriminação contra homossexuais no Brasil em 2012. As vítimas mais frequentes foram homens jovens e gays, com idade entre 15 a 29 anos.
Na América, o presidente Barack Obama comemorava o resultado, que garante mais igualdade e benefícios para os casais do mesmo sexo. Uma semana antes, em meio à tempestade de protestos e manifestações que só cresciam no Brasil, o deputado e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) festejava a aprovação do projeto conhecido como "cura gay" (PDC 234/11) na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que é presidida por ele. O projeto ainda precisa passar pela Comissão de Seguridade e pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania para ir a plenário, o que se espera que não deva acontecer.
A última semana foi também de algumas vitórias importantes das manifestações populares: queda do valor nas passagens de ônibus em diversas cidades, a rejeição da PEC 37 quase por unanimidade, corrupção sendo votada como crime hediondo e a promessa do passe livre para estudantes, entre outras. As ruas catalisaram mudanças rápidas em questões que pareciam estagnadas na pasmaceira que se instalou no País. Ao mesmo tempo protagonista e vítima de conchavos, alianças imobilizadoras e apego excessivo aos privilégios e poderes, nossa classe política tem amargado sucessivos fiascos. Um deles é Feliciano na presidência dessa comissão e a aprovação, sob seu comando, do projeto da "cura gay".
A questão central é que algumas dessas bizarrices podem culminar em mensagens de intolerância, preconceito e discriminação contra homossexuais, negros e mulheres, o que só aumenta a violência no País.
Não há como redirecionar (ou "curar") a orientação sexual de ninguém. Primeiro, porque homo ou bissexualidade não são transtornos ou doenças. São simplesmente variações possíveis do afeto e da sexualidade do ser humano. Depois, porque um suposto tratamento é absolutamente inócuo: um método sem resultados práticos ou comprovação da ciência. Pode dar choque, apertar os testículos, amputar clitóris, aplicar hormônio, criar estímulos aversivos, fazer lavagem cerebral (pasme, mas esses métodos medievais foram utilizados ao longo da história!) que a orientação sexual não muda. Da mesma forma que quem é baixo não vira alto, quem é branco não vira negro, gay não vira heterossexual, assim como heterossexual não vira gay. Cada um é o que é!
Nos primeiros anos de qualquer curso na área de saúde, aprendemos que nosso papel é ajudar, tratar, aliviar o sofrimento e curar, quando possível. A nós, não cabe julgar ou avaliar condutas e atitudes. Não é de nossa atribuição dizer se é certo ou errado o que um paciente faz, pautando essa avaliação em nossas crenças pessoais, religiosas, morais, éticas, políticas, etc. Da mesma forma, não deveria caber a um político tomar decisões que estão fora da sua alçada, baseado em suas convicções próprias, que não refletem os anseios da maior parte da população.
Com base em evidências científicas e com a progressiva dissociação da medicina e da psicologia das questões culturais e religiosas desde meados do século passado, a Organização Mundial da Saúde e, no Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) proibiram charlatães e fanáticos de tentar converter gays em heterossexuais, em curar o que não é doença por meio de supostos tratamentos "normatizadores" do comportamento sexual. Além de perpetuar um sofrimento desnecessário à pessoa, essas tentativas não levam a lugar nenhum. Terapeutas, médicos e psicólogos de orientação religiosa (seja ela qual for) têm de aprender a separar suas crenças da vida do paciente. Não faz o menor sentido reverter a resolução do CFP, em vigor desde 1999.
No momento em que os jovens saem às ruas para tentar mudar o que está errado, para pensar em um Brasil mais justo, é inadmissível tolerar que uma conduta política, pautada por supostas crenças pessoais e religiosas, determine rumos e decisões sobre o que é absolutamente particular na vida de cada um.

JAIRO BOUER é psiquiatra e trabalha em saúde e prevenção.

Senado dos EUA aprova maior reforma migratória desde 1986

Do Terra – 27/06/2013

O Senado dos Estados Unidos aprovou no dia 27, por 68 votos contra 32, a maior reforma migratória desde 1986, que abre a via para a legalização e eventual de cidadania da população sem documentos, após quase um mês de debate. Embora para entrar em vigor a reforma requeira que a Câmara dos Representantes (Deputados) se pronuncie, e nela a oposição republicana é majoritária, o voto na quinta no Senado aumenta enormemente a pressão a favor de um acordo.
Quatorze senadores republicanos votaram a favor, incluindo o senador pela Flórida, Marco Rubio, figura ascendente do partido conservador, de quem se diz que poderia concorrer à Presidência dos EUA em 2016. Todos os democratas, majoritários na Câmara Alta, apoiaram a proposta legislativa.
A reforma migratória, negociada no Senado por quatro democratas e quatro republicanos, condiciona a legalização dos imigrantes ilegais à segurança de fronteira; aumenta drasticamente a vigilância na fronteira, e estabelece medidas para controlar futuros fluxos migratórios. O voto pôs fim a três semanas de um intenso debate no plenário do Senado, que refletiu as divisões ideológicas em torno de como frear a imigração ilegal rumo aos EUA.
Pouco depois da aprovação no Senado, o presidente Barack Obama pediu que a Câmara dos Representantes vote a favor da reforma. Hoje, "com um forte voto bipartidário", o Senado "deu um passo crítico que nos obriga a regular nosso quebrado sistema de imigração de uma vez por todas", destacou Obama em um comunicado divulgado pela Casa Branca.
O projeto aprovado pelo Senado foi resultado de um "compromisso" e "é consistente com os princípios fundamentais para uma reforma de bom senso que eu e muitos outros estabelecemos em repetidas ocasiões", declarou o presidente americano.


União Europeia define pacote para combater desemprego juvenil no bloco

Da Agência DW – 28/06/2013

Após mais de oito horas de discussão, os países membros da União Europeia chegaram a um acordo de última hora sobre o orçamento europeu para os próximos sete anos, na madrugada de sexta, dia 28, em Bruxelas. O encontro decidiu onde será aplicado quase um trilhão de euros entre 2014 e 2020. Uma das principais metas do grupo é o combate ao desemprego entre jovens.
Seis bilhões de euros serão investidos nos próximos dois anos na geração de empregos destinados a jovens. O programa é uma espécie de "garantia jovem" e estimula a inserção deles no mercado de trabalho no prazo de quatro meses após o término de cursos de formação ou a perda do emprego. Além disso, pequenas e médias empresas receberão créditos com juros baixos para estimular a criação de novas vagas.
Os seis bilhões de euros deverão ser investidos já nos próximos dois anos para que a "garantia jovem" seja efetiva desde já e não gradualmente até 2020. Mais dois bilhões de euros deverão ser disponibilizados com dinheiro de orçamentos nacionais e que não é usado pelos países membros da UE. Essa soma adicional faz parte da nova flexibilidade decidida no orçamento da UE.
"O desemprego não será resolvido da noite para o dia", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Mas, segundo Rompuy, a decisão mostrou que os líderes europeus consideram o desemprego "uma responsabilidade econômica, social e política conjunta."
O desemprego juvenil recebeu atenção especial em meio a temores de que uma "geração perdida" esteja sendo criada. Na Europa, cerca de 5,6 milhões de pessoas com menos de 25 anos estariam sem emprego. Na Espanha, a taxa de desemprego atinge 56% e, na Grécia, 63%.
"Nós precisamos criar empregos para as pessoas. E nós não devemos prometer coisas falsas. Vai ser preciso algum tempo para que a maioria dos jovens seja inserida no mercado de trabalho", disse a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel.
Além do pacote de bilhões de euros para combater o desemprego juvenil, a União Europeia deverá reforçar as instituições do bloco para ajudar a empregar a população mais jovem. Organizações para a mediação de vagas precisam funcionar melhor, sublinharam os líderes reunidos em Bruxelas.

Valor pode ser usado em outros projetos
O presidente do Parlamento europeu, Martin Schulz, disse que ficou contente com a decisão de que todo o valor orçamentário será aplicado integralmente. Até o momento, caso a quantia anual prevista não fosse gasta, ela voltava para os países que contribuíram para orçamento – ou seja, 55 bilhões de euros foram devolvidos para os países membros nos últimos sete anos.
O programa de sete anos decidido esta semana prevê uma mudança nessa condição. O dinheiro que sobrar no final do ano pode ser utilizado nos anos seguintes e investido em novos projetos. Dessa maneira o programa se torna mais flexível, segundo Schulz.
"Ficou garantido pela legislação que o próximo Parlamento e Comissão Europeia serão obrigados a analisar e mudar o orçamento de sete anos. Isso representa um grande avanço que nós alcançamos", declarou Schulz. No final de 2014, após as eleições do Parlamento europeu e do novo presidente da Comissão, o orçamento deverá ser reavaliado.


http://www.dw.de/uni%C3%A3o-europeia-define-pacote-para-combater-desemprego-juvenil-no-bloco/a-16913399

Saneamento: empresas desperdiçam 40% de água

Da Carta Capital – 28/06/2013

As empresas de saneamento básico no Brasil desperdiçam cerca de 40% da água que distribuem, um nível quase quatro vezes superior ao de países como Alemanha e Japão. É o que aponta o levantamento Manual sobre Contratos de Performance e Eficiência para Empresas de Saneamento em Brasil, realizado pela GO Associados a pedido da International Finance Corporation (IFC), instituição de desenvolvimento do Banco Mundial voltada ao setor privado, em parceria com o governo da Espanha. O documento foi divulgado nesta quinta-feira 27, em São Paulo.
Esse nível de desperdício tem se mantido praticamente estável nos últimos dez anos, com algumas operadoras de saneamento atingido índices superiores a 80%. O estudo estima que o Brasil precisa reduzir o desperdício em ao menos dez pontos percentuais para chegar aos níveis de perdas semelhantes aos países desenvolvidos.
Segundo o documento, a redução do desperdício de água entre 2009 e 2025 poderia gerar ganhos de até 37,27 bilhões de reais ao final de 17 anos. A estimativa considera uma redução de 50% das perdas, caindo dos atuais 37,4% de desperdício de média nacional para 23,2% - a média da Sabesp para contratos com financiamento internacional. “O investimento anual no saneamento no Brasil fica em 10 bilhões de reais [pelas empresas]. O controle das perdas é o equivalente a três anos de investimentos. É um impacto grande”, diz Gesner Oliveira, ex-presidente da Sabesp e sócio da Go Associados.
Se as empresas do setor eliminassem as perdas também na energia, aponta o levantamento, poderia haver ganhos também. No cenário mais otimista da pesquisa, com uma redução de 25% do desperdício, os lucros poderiam chegar a 6,25 bilhões de reais. No mais conservador, com 15%, ficariam em 3,67 bilhões.
Os estados com maior desperdício são Amapá e Acre, com mais de 70% de perdas. Entre os mais eficientes estão o Distrito Federal, Espírito Santo e o Paraná, com menos de 30%. São Paulo e Rio de Janeiro possuem níveis entre 30% e 40%. “A eficiência na distribuição de água não ganhou a atenção da classe política, mas esse é um ponto importante para a sustentabilidade. Ao reduzir o nível de perdas, haverá mais água disponível”, afirma Oliveira.
Segundo o estudo, a Cosama (Amazonas) teve o maior desperdício (80,7%) entre as operadoras estaduais. A SAERB (Rio Branco), com 76,5%, foi a menos eficiente no âmbito municipal. Já a Sanepar (Paraná) foi a mais eficiente nos estados (21,2%) e a Sanasa (Campinas) nos municípios (18,0%). Foram analisadas as 52 maiores empresas brasileiras em termos de população atendida, estaduais e municipais. “Com menos perdas, não é preciso fazer muitos investimentos na ampliação da captação. O investimento para reduzir as perdas pode ser menor que um grande aporte de expansão”, diz Fernando Marcato, um dos responsáveis pelo estudo.
Contratos por desempenho. O estudo defende que as empresas de saneamento tentem reduzir a perda física de água (vazamentos nas ruas, por exemplo), contratando empresas privadas especializadas para identificar a melhor forma de reduzir o desperdício e também executar as soluções, além de repassar a tecnologia utilizada à empresa de saneamento.
Esses contratos seriam por desempenho e não remuneração fixa. A ideia é estimular o agente privado a entregar o serviço e as metas do contrato. O modelo, diz o texto, ajudaria a driblar um dos maiores problemas associados aos baixos índices de investimento no setor de saneamento: a baixa capacidade dos operadores de se financiar. “Essa limitação está relacionada às condições econômico-financeiras ainda precárias dos operadores, que, por sua vez, se justificam em função da baixa eficiência operacional e de gestão. Ou seja, os altos custos dessas empresas e a baixa capacidade de geração de receitas diminuem a capacidade das operadoras de obter recursos financeiros”, aponta o estudo.
Segundo o documento, das 26 empresas estaduais de saneamento, apenas sete possuem condições adequadas para captação de financiamentos. Com os contratos de desempenho, a concessionária reduziria o aporte de recursos para reduzir as perdas, pois a contratada realizaria os investimentos. A empresa seria paga com a receita extra gerada pela economia com as perdas.
O modelo seria, porém, mas difícil de financiar, acredita Rogerio Pilotto, executivo-sênior de investimentos para infraestrura da IFC. “É difícil porque tem um componente técnico, um risco em relação ao serviço ser prestado pela empresa de engenharia. Um banco normal tem dificuldade de avaliar esse risco porque está acostumado a estudar balanços e não o componente de engenharia.”
Em setembro de 2012, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que oito em cada dez casas brasileiras têm água encanada (84,6%), o equivalente a 51,8 milhões do total de domicílios.


sábado, 29 de junho de 2013

Snowden segue "perdido" há seis dias no aeroporto de Moscou

Da Info – 29/06/2013

Moscou - O ex-técnico da CIA Edward Snowden completa neste sábado seis dias "perdido" na zona de trânsito do aeroporto de Sheremetievo, em Moscou (Rússia), enquanto não se sabe se os EUA aceitarão as condições colocadas pelo pai do fugitivo para que seu filho compareça perante a Justiça americana.
Uma fonte que a agência russa "Interfax" classifica como "conhecedora da situação" assegurou no dia 29 que o funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana não poderá deixar a Rússia antes de se reunir com diplomatas de algum dos dois países que poderiam lhe conceder asilo, Equador e Venezuela.
No dia de hoje, seu status não está definido juridicamente. Para legalizá-lo, deveria sair do aeroporto e se dirigir a uma embaixada, algo que não pode fazer por ter o passaporte cancelado, ou esperar outro encontro com diplomatas latino-americanos" dispostos a irem para Sheremetievo, explicou a fonte.
No entanto, a fonte afirmou que "nem diplomatas equatorianos nem venezuelanos se comunicaram com ele ou pessoas que acompanham seus planos de manter tal encontro. Portanto, a concessão de asilo em um ou outro país é uma questão aberta. Enquanto for assim, ele não pode sair de Sheremetievo nem comprar uma passagem de avião".
A possibilidade de ir para o Equador, país que já dá proteção ao fundador da portal Wikileaks, Julian Assange, é mais factível depois de Quito renunciar às preferências tarifárias que tinha com os Estados Unidos.
Outra porta que pode se abrir para Snowden é a Venezuela, cujo presidente, Nicolás Maduro, assegurou que provavelmente daria asilo ao americano se este solicitasse.
A mensagem de Maduro, que irá para Moscou na próxima segunda-feira para participar do Fórum de Países Exportadores de Gás, foi entendido pelos especialistas como um convite para que o ex-técnico dos serviços secretos americanos peça refúgio a Caracas.
O pai de fugitivo, Lonnie Snowden, no entanto, abriu as portas ontem para que seu filho volte para os EUA.
A família do ex-funcionário da CIA impôs três condições ao Departamento de Justiça americana para o retorno do jovem: que ele não seja preso antes de ser julgado, que o caso não se desenrole em segredo e que o local do julgamento seja definido por Snowden.
Por outro lado, a situação de Snowden pode impulsionar a assinatura de um tratado de extradição entre Rússia e Estados Unidos, declarou hoje uma fonte à agência "Interfax".
"Precisamente a falta de tal acordo é o que não permite às autoridades russas contemplar a entrega do agente do serviços secreto, perdido no aeroporto de Sheremetievo", acrescentou.
A fonte disse ainda que "a parte americana, embora diga o contrário, também não tem pressa em remeter a Moscou uma solicitação oficial para a extradição de seu cidadão privado de passaporte", o que, segundo as autoridades russas, deveria ser feito pelo Departamento de Justiça dos EUA.
A fonte lembrou que em maio do ano passado a Procuradoria Geral da Rússia ofereceu aos americanos formalizar um tratado bilateral de extradição como garantia para "alcançar um novo nível na cooperação no âmbito da luta contra o crime".
O procurador-geral russo, Yuri Chaika, entregou então a proposta de minuta do tratado a seu colega americano, Eric Holder, mas "infelizmente a parte russa não recebeu resposta das autoridades dos Estados Unidos", explicou a fonte.
Aparentemente, Washington recusa assinar um tratado com Moscou pois a Constituição da Rússia proíbe a entrega de seus cidadãos a outros países, mesmo tendo cometido delitos muito graves em território estrangeiro.


Debates - O governo deve monitorar os cidadãos?

Da Folha – 15/06/2013

A revelação de que o governo Obama empenha um monitoramento da comunicação dos cidadãos pelo telefone e pela internet suscitou uma controvérsia.
Na opinião do advogado criminalista José Luis Oliveira Lima, "essa bisbilhotagem poderá causar mais estragos do que uma bomba. Certamente existirão os abusos, bastando lembrar que o governo americano que espiona 'para o bem' é o mesmo que atiça a fiscalização tributária contra seus opositores e que vasculha ligações telefônicas de jornalistas".
Joanisval Gonçalves Brito, especialista em inteligência de Estado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), entende que há legitimidade na ação. "Nenhum direito individual é absoluto. A vida em sociedade requer a mitigação de alguns direitos individuais diante de certas necessidades coletivas, como a segurança. Assim, se as pessoas estiverem sob uma ameaça de significativa gravidade, o Estado pode mesmo violar a privacidade para protegê-las, sob a justificativa do imperativo da segurança", argumenta.

Já somos monitorados demais
Membros da Al-Qaeda devem ter ficado satisfeitos em saber que, sob o pretexto de combater o terrorismo, o governo americano instalou uma ampla rede de espionagem por meio do monitoramento geral e indiscriminado de seus próprios cidadãos.
As informações são imprecisas, mas sabe-se que números de chamadas telefônicas de todos os cidadãos foram disponibilizados para serviços governamentais de inteligência. Os dados municiaram os trabalhos de agentes secretos que inseriram e depois retiraram os responsáveis pelo atentado na maratona de Boston do rol de suspeitos. Espiões que, talvez, foram colegas de curso dos ingleses que viram no brasileiro Jean Charles um terrorista no metrô londrino.
Essa bisbilhotagem poderá causar mais estragos do que uma bomba. Certamente existirão os abusos, bastando lembrar que o governo americano que espiona "para o bem" é o mesmo que atiça a fiscalização tributária contra seus opositores e que vasculha ligações telefônicas de jornalistas.
Ainda que sem os inevitáveis abusos, a própria democracia será atingida, uma vez que a intimidade é um elemento essencial para a dignidade da pessoa humana. Desnudado desse pequeno campo de proteção particular, o cidadão perde a capacidade de se enxergar como um ser único e titular de direitos. Por consequência, também não consegue compreender e respeitar as particularidades do outro. Sem o resguardo da vida privada, não há ambiente para o desenvolvimento livre da personalidade, acabando com o oxigênio vital para a sobrevivência de um Estado democrático.
No Brasil, felizmente, a proposta americana de devassa indiscriminada não seria admitida em nosso sistema jurídico. Aqui, a quebra de sigilo somente pode ser autorizada por uma decisão judicial devidamente fundamentada, demonstrando que existem indícios de que aquele específico cidadão é um possível autor de um determinado crime. Primeiro deve vir a fundada suspeita, depois a investigação, jamais o contrário. A violação à intimidade é tratada como medida de exceção, mas, ainda assim, são constantes os abusos.
Confrontadas com uma ordem abusiva, as próprias empresas responsáveis pela guarda dos dados sigilosos podem lutar pelo resguardo da intimidade de seus registros.
Diante de uma ordem de quebra de sigilo manifestamente indiscriminada e genérica, instituições financeiras, operadoras de telefonia e provedores de internet podem impetrar mandado de segurança para impedir uma devassa coletiva que ameace a privacidade de seus clientes.
Exemplificando, um banco possui legitimidade jurídica para se insurgir contra uma ordem de entrega de extratos de todos os clientes de uma agência. Defende-se o direito de guardar segredos. O indivíduo alvo da violação, logicamente, também pode agir para impedi-la ou cobrar reparação pelo dano sofrido.
Ações em defesa da intimidade são cada vez mais necessárias no mundo moderno. Hoje, cada um de nossos passos fica registrado: a compra com cartão de crédito, a multa do automóvel, a conversa na rede social, os sites acessados, os números discados. Ao vivermos já somos involuntariamente monitorados.
Esse enorme banco de dados pode evidentemente ser utilizado no combate ao crime, mas somente diante de uma fundamentada suspeita contra o cidadão. Buscar um maior poder do Estado no uso da tecnologia para um controle social extremo significa rejeitar a democracia e correr em busca do autoritarismo. É justamente nesse momento em que nossa segurança é ameaçada que devemos nos lembrar de que garantias individuais como a intimidade não representam um entrave a nossa proteção, mas, sim, traduzem a essência de nossa humanidade.

JOSÉ LUIS OLIVEIRA LIMA, 47, é advogado criminalista e membro do Instituto dos Advogados de São Paulo


Big Brother e democracia
 Quando, em 1949, George Orwell escreveu o romance "1984", tratou de uma sociedade futurística, na qual o Estado controlava os cidadãos de maneira absoluta, vigiando-os no mais íntimo de sua privacidade, determinando sua maneira de pensar.
Retratou um Estado onipresente, representado pela figura do Big Brother, que tudo via e tudo sabia. Entretanto, "1984" tratava de um regime totalitário. No século 21, o Grande Irmão chegou às democracias.
Nas últimas semanas, com a revelação de que o governo dos Estados Unidos estaria reunindo dados a partir de interceptações telefônicas e acessos irregulares a mensagens e contas na internet de milhões de pessoas, o tema do Estado controlador do cidadão voltou à tona.
Nenhum direito individual é absoluto. A vida em sociedade requer a mitigação de alguns direitos individuais diante de certas necessidades coletivas, como a segurança. Assim, se as pessoas estiverem sob uma ameaça de significativa gravidade, o Estado pode mesmo violar a privacidade para protegê-las, sob a justificativa do imperativo da segurança.
Esse é o argumento do governo Obama. E encontra acolhida em mais da metade dos estadunidenses, segundo pesquisas recentes: 56% dos entrevistados aprovam o monitoramento das comunicações telefônicas, enquanto 41% consideram a prática inaceitável.
Ao menos nos Estados Unidos, o assunto ainda suscitará discussão. E ali parece razoável que o Estado monitore seus cidadãos para protegê-los. Sob a perspectiva do povo norte-americano, a garantia da segurança coletiva e a proteção aos valores democráticos e aos princípios fundadores de sua nação seriam justificativas plausíveis para limitar liberdades individuais.
É certo que direitos fundamentais podem se ver limitados por razões de Estado, em especial quando a sociedade é alvo de ações contrárias à ordem democrática estabelecida. Porém, para que o Estado limite direitos dos cidadãos, é fundamental que haja critérios que impeçam que agentes públicos cometam arbitrariedades.
O monitoramento das contas e comunicações dos indivíduos, se ocorrer, deve ser feito sob rígidos mecanismos legais e institucionais de controle. Caso contrário, abusos serão cometidos pelos órgãos de segurança e inteligência, uma vez que lidam com informação e poder.
De fato, algo que diferencia os regimes democráticos dos autoritários é que, no primeiro caso, os serviços secretos protegem o cidadão e estão sob o mais rígido controle do Judiciário e do Legislativo. Também a sociedade civil organizada, com destaque para o papel da imprensa, deve ter essa prerrogativa.
Se, no país de Obama, é possível e até aceitável de acordo com suas leis, que o Estado monitore os cidadãos, no Brasil essa prática encontra limites claros. A Constituição só permite interceptação telefônica para fins de investigação criminal ou instrução processual e apenas com autorização judicial.
Entretanto, muito difícil será impedir que autoridades estadunidenses monitorem as comunicações de brasileiros. Afinal, quem controlará as ações de política externa dos Estados Unidos? Que força terão os governos de outros países para impedir ou neutralizar iniciativas tecnológicas intrusivas da superpotência?
Seria ingênuo imaginar que, se houver uma determinação de um governo como o dos Estados Unidos, respaldada em leis e em autorização judicial ou legislativa, as informações pessoais de qualquer ser humano pelo globo ficarão a salvo do monitoramento.
Na era do conhecimento e da realidade virtual, as pessoas devem estar conscientes de que podem ser objeto de vigilância, legal ou não. O Big Brother está lá, ainda que não gostemos dele.


JOANISVAL BRITO GONÇALVES, 38, é advogado e especialista em inteligência de Estado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência)

Edward Snowden, o novo whistleblower do governo Obama

Do Exame.com – 09/06/2013

Washington - A fonte que revelou o programa secreto de vigilância das comunicações de Washington é o jovem americano Edward Snowden, de 29 anos, assessor da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês).
Ele disse ter agido em defesa do interesse público e pela proteção da vida privada dos cidadãos.
"Não quero viver em uma sociedade que faz esse tipo de coisa (...) em um mundo em que tudo que eu faço e digo fica registrado", explicou Snowden, em entrevista por vídeo concedida ao jornal britânico "The Guardian", divulgada neste domingo.
O responsável por um dos maiores vazamentos de documentos sigilosos da história dos Estados Unidos - junto com o soldado Bradley Manning, que está sendo julgado por entregar milhares de telegramas diplomáticos ("cables") ao site WikiLeaks - é um ex-funcionário da CIA.
Snowden disse ao "Guardian" que nunca quis manter o anonimato: "Estou consciente de que vou pagar um preço pelas minhas ações".
"Meu único objetivo é informar as pessoas sobre o que está sendo feito em seu nome e o que se faz contra", justificou, acrescentando que "a NSA mente sistematicamente para o Congresso a respeito da magnitude da vigilância que exerce nos Estados Unidos".
"Captamos mais comunicações eletrônicas nos Estados Unidos do que na Rússia. Vocês não imaginam tudo que se pode fazer. O alcance das suas capacidades é assustador", afirmou.
O jovem contou que decidiu revelar os programas de inteligência à imprensa depois de chegar à conclusão que eram "abusos" contra o público, cometidos em nome da segurança e após esperar que o presidente Barack Obama cumprisse sua promessa de aumentar a proteção dos cidadãos contra essas práticas.
"Mas o presidente continuou as políticas dos seus antecessores", lamentou Snowden.
Há três semanas, teve de deixar a mulher, com quem tinha "uma vida muito confortável" no Havaí, com salário de US$ 200 mil ao ano, e se mudou para Hong Kong antes da divulgação dos vazamentos, relatou ao jornal.
"Estou disposto a sacrificar tudo isso, porque não posso, na minha alma e na minha consciência, permitir que o governo dos Estados Unidos destrua a vida privada, a liberdade da Internet e as liberdades fundamentais de todo o mundo com esse enorme sistema de monitoramento que está sendo realizado secretamente", disse ele.
Nascido em Elizabeth City, na Carolina do Norte (leste), Snowden viveu com a família em Fort Meade, Maryland (nordeste), onde fica a base da NSA.
Na entrevista, admite ter sido um estudante bastante medíocre e revela que não concluiu seus estudos de Informática na Universidade de Maryland.
Em 2003, ele se alistou no Exército e começou o treinamento para se juntar às forças especiais, em nome dos mesmos princípios que hoje ele evoca para revelar os documentos secretos: "Queria combater no Iraque (...) para ajudar a libertar os iraquianos da opressão".
Depois de um acidente, no qual quebrou as duas pernas, ele abandonou o Exército e conseguiu seu primeiro emprego, como segurança, em um dos prédios secretos da NSA, no campus da Universidade de Maryland.
Depois, foi contratado pela CIA, para trabalhar na segurança dos sistemas de informática. Seu conhecimento de Internet e seu talento como programador fizeram sua carreira avançar rapidamente e foi enviado para Genebra.
Ele trabalhava para a NSA há quatro anos, como funcionário terceirizado para diversas empresas, como a Dell, ou Booz Allen Hamilton, seu último patrão.


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Dilma quer plebiscito que autorize Constituinte para reforma política

Do UOL – 24/06/2013

Em reunião com prefeitos e governadores das 27 unidades federativas, a presidente Dilma Rousseff anunciou na segunda-feira (24), no Palácio do Planalto, em Brasília, que irá pedir um plebiscito que autorize uma Constituinte (órgão colegiado que tem como função redigir ou reformar a Constituição) para fazer a reforma política. O último plebiscito do país ocorreu em 2011 - foi sobre a divisão do Estado do Pará, que foi rejeitada.
"Eu trago propostas concretas e disposição política para construirmos pelo menos cinco pactos em favor do Brasil", anunciou. São eles:

1- pacto pela responsabilidade fiscal nos governos federal, estaduais e municipais, para "garantir a estabilidade da economia" e o controle da inflação;
2 - pacto pela reforma política: incluindo um plebiscito popular sobre o assunto e a inclusão da corrupção dolosa como crime hediondo. "O segundo pacto é em torno da construção de uma ampla e profunda reforma política que amplie a participação popular e amplie os horizontes para a cidadania. Esse tema, todos nós sabemos, já entrou e saiu da pauta do país por várias vezes e é necessário, ao percebermos que nas últimas décadas, entrou e saiu várias vezes, tenhamos a iniciativa de romper o impasse. Quero nesse momento propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita", declarou;
3 - pacto pela saúde: "importação" de médicos estrangeiros para trabalhar nas zonas interioranas do país e mais vagas para estudantes de medicina. "Sempre oferecemos primeiro aos médicos brasileiros as vagas a serem preenchidas", disse. "37% dos médicos que trabalham na Inglaterra se graduaram no exterior", acrescentou, dizendo que esse percentual no Brasil é de 1,79%. A presidente disse que é preciso "acelerar os investimentos em hospitais, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e unidades básicas de saúde. Por exemplo, a ampliar também a adesão dos hospitais filantrópicos ao programa que troca dívidas por mais atendimentos." Segundo Dilma, está em curso "o maior programa da história de ampliação das vagas em cursos de medicina. Isso vai significar 11.447 novas vagas de graduação em cursos de medicina e 12.376 novas vagas de residência para estudantes brasileiros até 2017";
4 - pacto pelo transporte público: a presidente anunciou que o governo destinará "50 bilhões de reais a novos investimentos em obras de mobilidade urbana" e afirmou que o país precisa dar um "salto de qualidade no transporte públicos nas grandes cidades", com mais metrôs, VLTs e corredores de ônibus. "O governo já desonerou impostos, o que permitiu a redução das tarifas de ônibus em 7,23% e 13,75% na tarifa do metrô e dos trens", declarou Dilma. Além disso, segundo Dilma, o governo desonerou o IPI para a compra de ônibus e está disposto "a ampliar a desoneração do PIS/Confins sobre a energia elétrica consumida por metrôs e trens". A governante anunciou a criação do Conselho Nacional de Transporte Público, com participação da sociedade civil e dos usuários;
5 - pacto pela educação pública: A presidente voltou a falar que é necessário que o Congresso aprove a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação.  "Precisamos, vou repetir, de mais recursos." O Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Senado, destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área, além dos royalties. "Todos nós sabemos que esse esforço na educação transforma um país em nação desenvolvida".

Plebiscito
A Constituição de 1988 prevê, em seu artigo 14, que "a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular". No entanto, o artigo 49 da Constituição afirma que é "da competência exclusiva do Congresso Nacional" autorizar referendo e convocar plebiscito.
A presidente, ainda de acordo com a Constituição, não teria a atribuição de convocar uma Assembleia Constituinte.
Segundo o ministro Aloizio Mercadante, da Educação, há duas datas sendo estudadas pelo governo para a realização da consulta: 07 de setembro e 15 de novembro. A data, no entanto, será marcada pelo

Congresso Nacional.
A presidente voltou a comentar a onda de manifestações que ocorre no país há duas semanas. "O povo está nos dizendo que quer mais cidadania. Quer uma cidadania plena. As ruas estão nos dizendo que o país quer serviços públicos de qualidade", disse Dilma.
"É preciso saber escutar as vozes das ruas. É preciso que todos, sem exceção, entendam esses sinais com humildade", falou aos governadores e prefeitos.

Assista aos pronunciamentos da presidente e mais informações sobre as manifestações em:
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/24/dilma-anuncia-que-vai-pedir-plebiscito-por-reforma-politica.htm

Oposição defende referendo para reforma política

Da Veja.com – 27/06/2013

Após o governo anunciar que pretende enviar na primeira semana de julho ao Congresso uma proposta de plebiscito para a reforma política, os presidentes dos três principais partidos de oposição - PSDB, DEM e PPS - defenderam na quinta-feira, dia 27, que a população seja consultada sobre as alterações no sistema político por meio de um referendo - ou seja, depois da aprovação de projetos de lei e emendas constitucionais sobre o tema.
“Somos favoráveis à consulta popular, mas não sob a forma plebiscitária do sim ou não. Legislação complexa, como a da reforma política, exige maior discernimento, o que só um referendo pode propiciar”, afirma a nota assinada pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Agripino (DEM-RN) e pelo deputado Roberto Freire (PPS-SP).
Eles classificaram o anúncio de se fazer um plebiscito como “mera manobra diversionista destinada a encobrir a capacidade do governo de responder às cobranças dos brasileiros” e uma forma de deslocar a discussão para o Congresso dos problemas do país.
Na avalição dos oposicionistas, a proposta inicial do Palácio do Planalto de emplacar a instalação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para se discutir a reforma política foi uma “tentativa golpista”.
“Se tivesse, de fato, desejado tratar com seriedade essa importante matéria, a presidente já teria, nesses dois anos e meio, manifestado à nação sua proposta para o aperfeiçoamento do sistema partidário, eleitoral e político brasileiro”, afirmam as legendas de oposição.
Senado - A decisão de se realizar um plebiscito para discutir a reforma política dominou os debates no plenário do Senado na mesma quinta.
Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), por exemplo, os anúncios da presidente Dilma Rousseff para dar resposta às ruas, incluindo os debates sobre reforma política, são resultado do marketing. “Não podemos colocar o marqueteiro como o 40º ministro. Essa é uma das causas de o povo ir às ruas. A ficha caiu. E a ficha cai porque o marketing mostrava uma coisa e a realidade mostra outra”, disse o parlamentar. Na avaliação do senador, as recentes iniciativas da presidente refletem a antecipação do processo eleitoral de 2014. “Alguém tem que dizer que o maior adversário da presidente Dilma é a candidata Dilma. Ela tinha que assumir o papel de estadista”, disse.
“É difícil para nós fazermos uma reforma política e eleitoral porque é difícil votarmos contra nós mesmos”, completou o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
“O plebiscito para essa questão [da reforma política] me parece não ser plausível, adequado ou, pelo menos, não é a melhor solução. Que plebiscito é esse que poderia alcançar a população brasileira de forma eficiente num curto espaço de tempo?”, questionou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). “Certamente a população teria dificuldade de resolver as questões com sim ou não”, completou.

Reforma política deve passar por plebiscito, diz presidente da OAB

Da EBC – 26/06/2013

Brasília – O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado, voltou a defender hoje (26) plebiscito para que o povo escolha as alterações necessárias com a reforma política. O plebiscito foi sugerido pela presidenta Dilma Rousseff na última segunda-feira (24) em resposta às manifestações que tomaram o país nas últimas semanas.
“O Brasil não aceita o argumento de que o povo é despreparado para votar. O povo deve ser consultado porque é o senhor da Constituição, o senhor do Estado”, disse, ao deixar a posse de Luís Roberto Barroso como ministro do STF nesta tarde.
De acordo com o presidente da OAB, o questionário do plebiscito deve ser feito “de modo simples e direito”, destacando se a população quer uma reforma política e os pontos principais em discussão. Ele acredita que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve realizar campanhas “de forma técnica, distante das paixões partidárias” para explicar os principais pontos do debate.
Para Marcus Vinícius, a votação de temas importantes no Congresso Nacional nas últimas 48 horas demonstra que o povo estava certo de sair às ruas para cobrar mudanças. “O que o Congresso está fazendo deveria fazer sempre, não aguardar apenas as manifestações. Ouvir o sentimento da sociedade e expressar a vontade da comunidade. Essa é a função do Congresso Nacional”.

Fica a dica

Entenda a diferença entre plebiscito e referendo



Da EBC – 26/06/2013

A proposta da presidenta Dilma Rousseff sobre plebiscito para a reforma política tem gerado dúvidas quanto às diferenças entre referendo e o próprio plebiscito. Entenda quais as principais características dessas duas modalidades de consulta popular.


Tanto o plebiscito quanto o referendo são consultas feitas à população para que ela opine e decida sobre aspectos de extremo interesse à nação, principalmente em matérias de Direito Constitucional e Administrativo.
No plebiscito, a convocação da consulta é feita antes mesmo da criação do ato legislativo. Ou seja, o povo é convidado a contribuir com a construção da lei e política proposta a partir de uma série de perguntas.
Já o referendo é uma consulta feita após a criação do ato legislativo. Nesse caso, a população responde a perguntas mais objetivas sobre se aceita ou não determinada atitude governamental, ou lei. 
Tanto o referendo quanto o plebiscito estão previstos no artigo 14 da Constituição Federal. Eles foram regulamentados pela Lei nº 9.709, de 1998.

Exemplos
Em 1993, ocorreu no Brasil um plebiscito para escolha do sistema de governo. A população teve que escolher entre monarquia, república parlamentarista ou presidencialismo; sendo este último, com 66,26%, a escolha da maioria.
Em 2005, os brasileiros foram ouvidos sobre a alteração no artigo 35 do Estatuto do Desarmamento, que pedia a proibição do comércio de armas de fogo no território nacional. A pergunta foi: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”. A maioria respondeu 'não'.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Berlusconi é condenado a sete anos de prisão

Da Carta Capital – 24/06/2013

Roma – O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi foi condenado na segunda, dia 24, a sete anos de prisão e à interdição perpétua para exercer cargos públicos por um tribunal de Milão. A pena é do caso "Rubygate". Berlusconi, de 76 anos, é acusado de abuso de poder e incitação à prostituição de menor. A condenação ainda não é definitiva e o acusado pode entrar com recursos.
O julgamento começou em 2011 e surgiu no âmbito de investigações a festas, descritas como “orgias" pelo Ministério Público, organizadas entre março e junho de 2010, numa luxuosa mansão de Berlusconi em Arcore, perto de Milão, nas quais participou a jovem marroquina Karima El Mahroug, conhecida como Ruby, que à época tinha 17 anos.
A procuradora Ilda Boccassini tinha pedido uma pena para o ex-chefe de Governo italiano que não fosse inferior a seis anos de prisão: cinco anos por ter usado em maio de 2010 a sua posição para libertar a jovem, detida por um furto; e mais um ano por "ter pago por serviços sexuais da menor".
Desde a sua entrada na política em 1994, Silvio Berlusconi já foi condenado a mais de 10 anos de prisão por diversos crimes, mas nenhum dos julgamentos é, até agora, definitivo.
As três magistradas que julgaram Berlusconi decidiram entregar ao Ministério Público as atas de alguns depoimentos para investigarem possíveis declarações falsas.

http://www.cartacapital.com.br/internacional/berlusconi-e-condenado-a-sete-anos-de-prisao-pelo-caso-rubygate-7093.html

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Filme denuncia abusos do poder em remoções de famílias para obras da Copa

Do UOL – 12/06/2013

Um documentário de 26 minutos aposta na internet para lançar luz a uma das circunstâncias menos contempladas de exposição no ciclo de Mundial e Olimpíada no Brasil. "A Caminho da Copa" expõe o autoritarismo do poder público no processo de remoção de famílias para viabilizar grandes obras, presentes no contexto destes eventos esportivos.
Assinado pelas diretoras Florence Rodrigues e Carolina Caffé, o documentário apresenta opiniões a respeito dos impactos na preparação destes megaeventos no cotidiano de grandes cidades brasileiras. Entre os tópicos aparecem denúncias de práticas irregulares nas desapropriações, em atos que ferem a lei e resvalam em debate sobre direitos humanos.
No trabalho estão contidos relatos de histórias de pessoas cujas vidas foram deslocadas até 70 km após a desapropriação de suas casas – pela lei, esta distância precisa ser de até 7 km, para se preservar ao máximo a rede de relações da família atingida.
A lei ainda prevê que, em caso de remoção, a família deve receber uma casa em igual condições ou melhores, em relação à anterior, contando com a conjuntura social em torno da residência (ofertas de saúde, educação, direito de trabalho). No entanto, o documentário ouviu reclamações de ressarcimentos em valor inferior.
"As remoções oferecem mais um elemento de padrão autoritário. Porque o governo não faz nem valer a lei, nem oferece garantias ao cidadão, com remoções de forma muito bruta, truculenta. Sem dúvida caracteriza um Estado autoritário", afirma Florence Rodrigues, uma das diretoras do filme, disponível em duas versões no YouTube e no Vimeo.



A obra ainda ressalta o caráter autoritário deste processo, ilustrado no documentário por cenas turbulentas de remoções, com direito a tiros de borracha da polícia e denúncias de violência. Alguns dos analistas ouvidos no projeto usam argumentos graves para abordar o tema.
Para Carlos Vainer, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ, as práticas governamentais têm sugerido "limpeza social e étnica". O acadêmico cita que o número de pessoas removidas no Rio pode alcançar até 80 mil. Em maio passado, o Comitê Popular da Copa, entidade da sociedade civil, apresentou levantamento que estima esse número em 8.350 famílias atingidas.
Por sua vez, o jornalista Juca Kfouri declara ao projeto que os métodos de desapropriações para Copa e Olimpíada "lembram práticas nazistas, de casas que são marcadas em um dia para serem demolidas no dia seguinte".
No filme são ouvidas famílias de comunidades como Metrô Mangueira, no Rio, e Vila Progresso, em São Paulo, entre outras. Estes personagens envolvidos no contexto das remoções falam, inclusive, em coação para assinatura do laudo que permite o governo ocupar o espaço.

COMUNIDADES QUE APARECEM NO DOCUMENTÁRIO:

METRÔ MANGUEIRA (RJ)
- espaço para construção de um estacionamento e centro comercial;
- comunidade de 34 anos;
- 667 famílias removidas até Cosmos, a 70 km de distância;
- outras famílias conseguiram se realocar na região, em situação de melhor estrutura.

VILA HARMONIA (RJ)
- espaço para passagem de um corredor de ônibus (Transoeste);
- 120 famílias removidas;
- cerca de 100 famílias foram levadas a Campo Grande, no conjunto "Minha Casa, Minha Vida", a 40 km;
- outras famílias que não quiseram ir receberam indenização de R$ 8 mil.

VILA TABOINHA (RJ)
- 400 famílias conseguiram direito de permanência, com reintegração de posse;
- região foi valorizada por ser sede de apoio da Olimpíada.
                                                                                                                         
VILA PROGRESSO (SP)
- espaço para ampliação da Avenida Radial Leste;
- 27 famílias removidas, com direito a bolsa auxílio;
- outras 100 famílias da comunidade estão ameaçadas.

As remoções de famílias para obras da Copa e da Olimpíada são de responsabilidade de governo estaduais e municipais, dependendo do caso, mas, na teoria, sempre com supervisão do governo federal. No corredor do BRT (Bus Rapid Transit) do Rio, cabe ao município o processo de desapropriações. Por sua vez, na duplicação da Avenida Radial Leste perto do Itaquerão, em São Paulo, o trabalho une prefeitura e estado.
"A Caminho da Copa" contou com um orçamento baixo, obtido através de um edital público. Para os flagras de remoção de famílias no Rio de Janeiro, por exemplo, o projeto teve apoio da ONG "A Nova Democracia".
Apresentado inicialmente durante a conferência internacional de sustentabilidade Rio+20, no último ano, o documentário foi recentemente finalizado e tem batalhado por repercussão online.