Após o governo anunciar que
pretende enviar na primeira semana de julho ao Congresso uma proposta de
plebiscito para a reforma política, os presidentes dos três principais partidos
de oposição - PSDB, DEM e PPS - defenderam na quinta-feira, dia 27, que a
população seja consultada sobre as alterações no sistema político por meio de
um referendo - ou seja, depois da aprovação de projetos de lei e emendas
constitucionais sobre o tema.
“Somos favoráveis à consulta
popular, mas não sob a forma plebiscitária do sim ou não. Legislação complexa,
como a da reforma política, exige maior discernimento, o que só um referendo
pode propiciar”, afirma a nota assinada pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e
José Agripino (DEM-RN) e pelo deputado Roberto Freire (PPS-SP).
Eles classificaram o anúncio de
se fazer um plebiscito como “mera manobra diversionista destinada a encobrir a
capacidade do governo de responder às cobranças dos brasileiros” e uma forma de
deslocar a discussão para o Congresso dos problemas do país.
Na avalição dos oposicionistas, a
proposta inicial do Palácio do Planalto de emplacar a instalação de uma
Assembleia Constituinte exclusiva para se discutir a reforma política foi uma
“tentativa golpista”.
“Se tivesse, de fato, desejado
tratar com seriedade essa importante matéria, a presidente já teria, nesses
dois anos e meio, manifestado à nação sua proposta para o aperfeiçoamento do
sistema partidário, eleitoral e político brasileiro”, afirmam as legendas de
oposição.
Senado - A decisão de se realizar
um plebiscito para discutir a reforma política dominou os debates no plenário
do Senado na mesma quinta.
Para o senador Cristovam Buarque
(PDT-DF), por exemplo, os anúncios da presidente Dilma Rousseff para dar
resposta às ruas, incluindo os debates sobre reforma política, são resultado do
marketing. “Não podemos colocar o marqueteiro como o 40º ministro. Essa é uma
das causas de o povo ir às ruas. A ficha caiu. E a ficha cai porque o marketing
mostrava uma coisa e a realidade mostra outra”, disse o parlamentar. Na
avaliação do senador, as recentes iniciativas da presidente refletem a
antecipação do processo eleitoral de 2014. “Alguém tem que dizer que o maior
adversário da presidente Dilma é a candidata Dilma. Ela tinha que assumir o
papel de estadista”, disse.
“É difícil para nós fazermos uma
reforma política e eleitoral porque é difícil votarmos contra nós mesmos”,
completou o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
“O plebiscito para essa questão
[da reforma política] me parece não ser plausível, adequado ou, pelo menos, não
é a melhor solução. Que plebiscito é esse que poderia alcançar a população
brasileira de forma eficiente num curto espaço de tempo?”, questionou o senador
Alvaro Dias (PSDB-PR). “Certamente a população teria dificuldade de resolver as
questões com sim ou não”, completou.
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