Do Terra - 29/05/2013
A primeira reunião técnica que
definirá os detalhes da exumação do presidente brasileiros deposto pelo regime
militar, João Goulart, aconteceu na quarta-feira, dia 29, em Porto Alegre.
Participaram do encontro na sede da Procuradoria Regional da República
familiares de Jango, integrantes da Comissão Nacional da Verdade e peritos da
Cruz Vermelha.
Jango teria morrido vítima de um
ataque cardíaco no dia 6 de dezembro de 1976, durante exílio na Argentina. As
informações foram publicadas no jornal O Globo. A investigação da morte do
ex-presidente foi aberta depois de um pedido encaminhado à Procuradoria Geral
da República (PGR) em 2007 pelo Instituto João Goulart, cujo diretor é o filho
de Jango, João Vicente Goulart. Ele e sua família, após depoimento de um
ex-agente secreto uruguaio preso no Rio Grande do Sul, suspeitam que Jango
possa ter sido envenenado pelos militares da chamada Operação Condor - ação
coordenada entre os regimes militares de países sul-americanos contra seus
opositores. O objetivo seria de matar o ex-presidente em seu exílio para que
não retornasse ao Brasil e se tornasse uma força de oposição ao regime.
Ainda está em discussão a forma
como a exumação será feita. Desde 2007, um inquérito civil público tramita na
Procuradoria da República pedindo investigação sobre as causas da morte de João
Goulart. Há suspeita que Jango tenha sido assassinado mediante a adição de uma
cápsula com três tipos de veneno no frasco de medicamentos que ele tomava
diariamente para combater problemas cardíacos.
Uma das exigências da família foi a criação de
uma comissão de peritos internacionais que possam dar mais credibilidade aos
resultados da análise dos restos mortais de Jango. Temendo alguma violação do
túmulo, a prefeitura da cidade chegou a solicitar que o Exército fizesse a
segurança do local.
Operação Condor
A família de João Goulart
acredita que o ex-presidente tenha sido uma das vítimas da Operação Condor.
João Vicente Goulart declarou que acredita que seu pai tenha sido envenenado
por agentes a mando das forças repressoras das ditaduras brasileira e
argentina. Vicente citou depoimentos feitos por Mário Neira Barreiro, ex-agente
do serviço de inteligência uruguaio, que está preso no Brasil, onde Neira
confessou que participou da trama para o assassinato de Jango.
A confissão de Neira seria apenas
mais uma prova da existência da Operação Condor, uma aliança político-militar
entre os vários regimes ditatoriais da América do Sul, envolvendo Brasil,
Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile, criada com o objetivo de
coordenar a repressão às dissidências políticas nesses países nas décadas de
1960, 70 e 80.
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