Do Correio Braziliense – 03/08/2013
Os sete jurados que compõem o
conselho de sentença decidiram, na madrugada de hoje (3) condenar os 25
policiais militares pela ação policial que resultou na morte de 52 detentos no
terceiro pavimento do Pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção do Carandiru.
Eles foram condenados a 624 anos
de prisão, cada um, por homicídio qualificado (com pena mínima de 12 anos para
cada crime, ou seja, para cada uma das mortes) a ser cumprida inicialmente em
regime fechado. O juiz RodrigoTellini de Aguirre Camargo também determinou a
perda do cargo público para os policiais que continuam na ativa. Os réus
poderão recorrer em liberdade.
Os jurados demoraram cinco horas
para responder as 7,3 mil questões que decidiram a sentença. Eles tiveram que
responder a quatro perguntas para cada uma das 73 vítimas do massacre,
multiplicado pelo número de réus. As perguntas se referiam à materialidade, ou
seja, questionou se houve crime; autoria (se o réu foi o autor do crime);
absolvição e qualificadora (ações que podem ter agravado o crime). Apesar dos
promotores do caso terem pedido a absolvição dos réus para 21 das 73 mortes, os
jurados precisaram responder às perguntas referentes também a essas vítimas.
Esta foi a segunda etapa do
julgamento. Na primeira delas, ocorrida em abril, 23 policiais militares,
também todos da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), foram condenados
pela morte de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento. Ainda estão previstos
outros dois julgamentos referentes às mortes de detentos ocorridas nos outros
dois pavimentos do Pavilhão 9, mas as datas ainda não foram definidas.
O julgamento trata da ação
policial destinada a reprimir uma rebelião de presos no dia 2 de outubro de
1992, ocorrida na Casa de Detenção do Carandiru. Nesse dia, 111 detentos foram
mortos. O caso ficou conhecido como o maior massacre de presídiários no país.
Antes de anunciar a sentença, O
juiz RodrigoTellini de Aguirre Camargo disse que "este é certamente o
processo mais complexo da Justiça brasileira". Ele elogiou os jurados,
destacando "a conduta e o empenho" que demonstraram durante toda a
semana de julgamento.
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