Da Agência Brasil – 26/07/2013
São Paulo – A segunda parte do
Tribunal do Júri do Massacre do Carandiru começa na segunda-feira, dia 29, às
9h, na capital paulista. Serão julgados, no Tribunal da Barra Funda, os 26
policiais militares (nove deles ainda na ativa) integrantes do 1º Batalhão de
Choque, acusados da morte de 73 detentos no terceiro pavimento do Pavilhão 9 do
antigo presídio.
Fernando Pereira Filho, promotor
de justiça, declarou que, para essa segunda fase, existem provas materiais
ainda mais evidentes do que no primeiro julgamento da existência de um massacre
dos policiais. No primeiro julgamento foram condenados 23 dos 26 policiais
acusados da morte de 13 detentos no segundo pavimento.
O promotor Eduardo Olavo Canto
destacou o fato de quase 70% do total das mortes do massacre terem ocorrido no
terceiro pavimento. “Não só pela quantidade de tiros: os exames mostram o
excesso criminoso. Temos os disparos feitos dentro das celas, há trechos do
laudo dizendo, claramente, que houve tiros em rajadas”, disse ele.
O primeiro julgamento ocorreu
entre 8 e 20 de abril. Na época, os policiais receberam uma pena de 156 anos de
reclusão cada um, em regime inicial fechado. Se forem responsabilizados pelas
73 mortes do terceiro pavimento, os réus podem ser penalizados em 876 anos de
pena.
Os promotores explicaram que,
inicialmente, 30 policiais eram acusados pelas mortes do terceiro pavimento.
Porém, três deles morreram e um foi considerado inimputável por insanidade
mental. Além disso, o número de mortos no terceiro pavimento é de 78 detentos.
No entanto, cinco deles foram mortos por um único coronel do Batalhão de
Choque, que será julgado separadamente, pela conduta individualizada.
Serão ouvidas oito testemunhas de
acusação, além do aproveitamento de oitivas já feitas de três testemunhas, que
serão exibidas em vídeo. A defesa convocou cinco testemunhas, incluindo o
perito Osvaldo Negrini Neto, que será ouvido novamente.
O juiz responsável será Rodrigo
Tellini de Aguirre Camargo, em substituição ao juiz José Augusto Nardy
Marzagão, que atuou no primeiro julgamento. A previsão dos promotores é que
essa segunda parte do julgamento se encerre até sábado, dia 2.
O caso Carandiru ficou conhecido
como o maior massacre do sistema penitenciário brasileiro. No dia 2 de outubro
de 1992, os policiais acusados entraram no Pavilhão 9 da Casa de Detenção para
reprimir uma rebelião. A ação resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos.
PARA SABER MAIS:
Confira as matérias para relembrar o caso Carandiru:
http://boletimfatos.blogspot.com.br/2013/04/assista-as-materias-para-relembrar-o.html
http://boletimfatos.blogspot.com.br/2013/04/assista-as-materias-para-relembrar-o.html
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