Da Folha – 09/07/2013
Do New York Times - O vínculo
entre pais e filhos está repleto de desafios físicos e emocionais a cada passo
do caminho. Mas o que acontece com o pai ou a mãe que se aproxima dos últimos
dias de criação dos filhos?
Madeline Levine passou a sua
carreira como psicóloga e escritora -e como mãe- com a crença de que sua tarefa
era preparar seus três filhos para viver de forma independente e entrar com
entusiasmo na idade adulta.
Mas, agora que o caçula dos seus
três filhos acabou a faculdade e que os dois mais velhos estão fazendo
exatamente aquilo que ela sempre quis para eles, sua reação a surpreendeu.
"É estranho que eu tenha
sido tomada por uma sensação de perda à medida que meus filhos se encaminham
completamente para terem vidas próprias", escreveu ela no "New York
Times".
"Alguma parte de mim deveria
saber que cada movimento na direção da independência -de fechar o zíper de um
casaco a passear no shopping e dirigir um carro- significava não só que meus
filhos estavam mais capazes, mas também que eu era menos necessária",
prosseguiu Levine. "Encaro essa realidade com bem mais ambivalência do que
eu previa."
Para quem está no processo de guiar
seus filhos pelo caminho rumo a uma vida significativa, o melhor conselho
talvez seja que menos é mais. Essas são as conclusões de vários estudos
recentes que indicam que quanto mais os pais estão envolvidos na vida dos seus
filhos -quanto mais superprotetores eles são-, menos responsáveis as crianças
tendem a ser.
Um estudo publicado em fevereiro
na "American Sociological Review" mostrou que, quanto mais dinheiro
os pais gastam com a faculdade dos filhos, piores são suas notas.
Outro estudo publicado no mesmo
mês na revista "Journal of Child and Family Studies" indicou que,
quanto maior for o envolvimento dos pais nas tarefas escolares e na escolha de
disciplinas, menor será a satisfação dos alunos universitários.
"Parece que certas formas de
ajuda podem diluir a sensação do beneficiado de responsabilidade por seu
próprio sucesso", escreveram Eli Finkel e Gráinne Fitzsimmons. "O
universitário pode pensar: se mamãe e papai estão sempre por aí para resolver
meus problemas, por que passar três noites consecutivas na biblioteca durante
os exames finais, em vez de ir passear com meus amigos?"
Às vezes, são as ações dos filhos
que causam danos, especialmente quando são crianças pequenas à solta.
Pais habitualmente sofrem
concussões, dentes lascados, abrasões da córnea, fraturas nasais, cortes
labiais e outras lesões por causa de ações agressivas dos seus filhos pequenos.
Mais de uma mãe já teve um lóbulo auricular arrancado por um bebê que agarrou e
puxou um brinco.
Quando Sarah Rosengarten foi
atingida no rosto por um carrinho de metal atirado por seu filho de dois anos,
Carter Roberts, ela foi parar no pronto-socorro, onde os médicos diagnosticaram
uma trincadura na mandíbula. "Os filhos podem ser perigosos", disse
Rosengarten, 27, ao "Times". Os pais mais ousados estão dispostos a
invadir o mais perigoso dos territórios -a vida amorosa dos filhos.
Barbara Weisberg, 64, inspirou o
desenvolvimento do TheJMom.com, site judaico de relacionamentos e uma das
várias páginas da internet que surgiram para atender aos pais, pois achava que
seus próprios filhos estavam desperdiçando oportunidades.
"Eles talvez estivessem
procurando a atração superficialmente e não estavam olhando fundo o suficiente
para ver tudo o que envolve uma pessoa", disse Weisberg, que está casada há
quase 40 anos e mora no Kentucky.
Uma noite, seu filho Brad
permitiu que ela analisasse indicações de relacionamentos para ele, e ela fez
uma lista de candidatas que considerava promissoras para uma conexão amorosa.
Mas Weisberg entende que há limites para até onde um pai pode e deve ir na hora
de tentar identificar parceiros para os filhos. "As pessoas precisam se
assentar quando estiverem prontas para isso", afirmou.
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/07/1307968-a-desafiadora-jornada-de-pais-e-filhos.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário