A Real Academia de Médicos da
Grã-Bretanha propôs um aumento de 20% no preço dos refrigerantes para combater
a obesidade no país. Em um relatório, a associação médica diz que a obesidade é
responsável por uma "grande crise" de saúde no país. A Grã-Bretanha é
um dos países com maior proporção de obesos no mundo: cerca de um quarto dos
britânicos estão acima do peso e a expectativa é de que esse número dobre até
2050.
Além da taxação, a associação
defende ainda o fim da publicidade de produtos com alta concentração de gordura
saturada, sal e açúcar até às 21h e a redução de pontos de venda de fast food próximo às escolas. Um aviso
específico para crianças com a quantidade de calorias deve estar no rótulo dos
alimentos, segundo a associação.
O diretor da academia, Terence
Stephenson, disse que não há uma "bala de prata" para atacar a
obesidade e que é preciso mudar a cultura de alimentação. Ele defende uma
estratégia similar à do combate ao cigarro.
"Foi preciso o fim da
publicidade (do cigarro) e a redução do mercado, além de atividades esportivas
para ajudar as pessoas a largar o fumo", diz.
Stephenson também atacou a
indústria alimentícia ao dizer que refrigerantes, por exemplo, são apenas
"água e açúcar". Ele criticou ainda os hábitos alimentares em muitos
países, onde é habitual "beber um litro de refrigerante no cinema".
Para Stephenson, a taxação
"encorajaria as pessoas a tomar bebidas mais saudáveis".
Para Terry Jones, da Federação de
Comida e Bebida, o relatório é pouco relevante.
"Uma coleção de ideias
desequilibradas aparentemente sob forte influência de grupos de pressão",
disse, ao classificar o documento.
A Associação Britânica de
Refrigerantes também se pronunciou contra, dizendo que esse tipo de bebida contribui
com "apenas 2%" do total de calorias de uma dieta média.
Tentação
O cardiologista Aseem Malhotra
disse que recebe mais e mais pacientes com doenças relacionadas à obesidade.
"A raiz do problema é o
ambiente da alimentação. É como dizer às crianças para ir à uma loja de doces e
não comprar doces", disse, em referência à alta oferta de produtos com
grande teor calórico.
"Há uma oferta excessiva de
comidas baratas com açúcar e uma regulação é claramente necessária",
disse.
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