Da Cult – Dezembro/2012
Regina Dalcastagnè, professora da
Universidade de Brasília (UnB), em uma pesquisa de 15 anos, publicada
recentemente pela Editora Horizonte, chama a atenção para uma estatística
espantosa: o campo literário brasileiro é dominado por autores homens, brancos,
de classe média, moradores de Rio e São Paulo, professores ou jornalistas. O
mesmo acontece com os personagens de seus livros – e temos que nossa literatura
mais parece ser ambientada na Suécia que no Brasil.
Em exaustiva pesquisa
quantitativa que analisou 258 romances brasileiros publicados entre 1990 e 2004
pelas editoras mais expressivas do setor – Companhia das Letras, Rocco e Record
–, o texto final do livro “Literatura Brasileira Contemporânea” (Editora
Horizonte) revela em números tendências impressionantes da nossa literatura
atual. Quase três quartos dos romances publicados (72,7%) foram escritos por
homens; 93,9% dos autores são brancos; o local da narrativa é mesmo a metrópole
em 82,6% dos casos; o contexto de 58,9% dos romances é a redemocratização,
seguida da ditadura militar (21,7%). Além de o protagonista ser, na maior parte
das vezes, representado como artista ou jornalista, os negros surgem quase
sempre como marginais e as mulheres, como donas-de-casa ou prostitutas.
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