quarta-feira, 6 de março de 2013

Literatura brasileira é coisa de branco?


Da Cult – Dezembro/2012

Regina Dalcastagnè, professora da Universidade de Brasília (UnB), em uma pesquisa de 15 anos, publicada recentemente pela Editora Horizonte, chama a atenção para uma estatística espantosa: o campo literário brasileiro é dominado por autores homens, brancos, de classe média, moradores de Rio e São Paulo, professores ou jornalistas. O mesmo acontece com os personagens de seus livros – e temos que nossa literatura mais parece ser ambientada na Suécia que no Brasil.
Em exaustiva pesquisa quantitativa que analisou 258 romances brasileiros publicados entre 1990 e 2004 pelas editoras mais expressivas do setor – Companhia das Letras, Rocco e Record –, o texto final do livro “Literatura Brasileira Contemporânea” (Editora Horizonte) revela em números tendências impressionantes da nossa literatura atual. Quase três quartos dos romances publicados (72,7%) foram escritos por homens; 93,9% dos autores são brancos; o local da narrativa é mesmo a metrópole em 82,6% dos casos; o contexto de 58,9% dos romances é a redemocratização, seguida da ditadura militar (21,7%). Além de o protagonista ser, na maior parte das vezes, representado como artista ou jornalista, os negros surgem quase sempre como marginais e as mulheres, como donas-de-casa ou prostitutas.

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