Da Folha – 06/02/2013
O governo da China proibiu nesta
quarta-feira a propaganda de artigos de luxo nas emissoras de rádio e televisão
no país. O regime afirma que a medida visa combater "a ostentação, o
desperdício e a corrupção".
O veto aos anúncios acontece após
o Partido Comunista se mostrar preocupado com a corrupção. O futuro presidente,
Xi Jinping, disse que o combate a atos ilícitos de funcionários públicos será
um dos focos de seu mandato, que começa em março.
Segundo a agência de notícias
estatal Xinhua, os itens proibidos são produtos "muito caros", como
relógios, selos raros e moedas de ouro. O órgão controlador dos meios de
comunicação considerou que este tipo de publicidade relata valores incorretos e
contribui para uma ética social perversa.
"Como importantes redutos
culturais e ideológicos, os canais de rádio e televisão devem exercer
plenamente o seu papel de educar as pessoas, mostrando as boas tradições
chinesas e estilos de vida civilizados", disse um porta-voz do governo.
O regime comunista afirma que as
restrições são parte da luta contra a corrupção, mas são anunciadas em meio ao
aumento da insatisfação interna pelo enriquecimento repentino dos dirigentes
políticos.
CASOS
No ano passado, o Partido
Comunista expulsou o dirigente Ling Jihua, após seu filho morrer em um acidente
com uma Ferrari de sua propriedade. Ele era cotado para uma vaga no Politburo
após o congresso da agremiação, em novembro.
O caso mostrou a ostentação do
integrante do partido, decisiva para sua saída. A suspeita de enriquecimento
ilícito afetou também a família do atual primeiro-ministro, Wen Jiabao.
Em setembro, o jornal "New
York Times" informou que a família do chefe de governo acumulou US$ 2,7
bilhões em "riquezas ocultas", notícia que o regime chinês qualificou
de caluniosa.
Além dos casos de enriquecimento,
outro temor é o abuso de poder. Em março, foi revelado o envolvimento do
ex-dirigente da cidade de Chongqing, Bo Xilai, na morte do empresário britânico
Neil Heywood, em novembro de 2011.
Sua mulher, Gu Kailai, foi
considerada culpada pelo assassinato. Ele foi expulso do partido e é processado
pela Justiça comum por abuso de poder por ter encoberto o crime.
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