quarta-feira, 13 de março de 2013

Guarani-kaiowá: Adolescente é torturado e morto no MS

Da Caros Amigos - 19/02/2013

No domingo (17), o indígena Guarani-Kaiowá Denilson Quevedo Barbosa, de 15 anos, foi torturado e assassinado com três tiros na cabeça enquanto pescava na reserva de Caarapó. Outros dois indígenas que conseguiram escapar do ataque confirmaram que o crime foi cometido pelo filho do fazendeiro Aladino e seus jagunços.
O corpo da vítima foi encontrado em outra fazenda, porém Valdelice Verón, liderança indígena e filha do cacique assassinado Marcos Verón, relata: “Os assassinos judiaram, espancaram, amarraram o menino pelos pés e o arrastaram numa camionete. Depois atiraram na cabeça dele e jogaram em outra fazenda para fingir que não foram eles."
A perícia criminal da Polícia Civil indicou que o corpo da vítima foi encontrado com um tiro abaixo do ouvido e, apesar de ter iniciado as investigações, a força policial não quis dar mais detalhes sobre o caso.
Segundo Valdelice Verón: “A polícia foi até o local somente para resolver a questão dos fazendeiros. Não falaram que o menino foi assassinado. É como se fosse um cachorro morto e não se sabe quem matou”, reclama.

Retorno
Após o enterro realizado no local onde foi assassinado o adolescente, na fazenda Sardinha, arrendada para a criação de gado e o monocultivo de soja, cerca de 500 indígenas acampam nessa área para reivindicar justiça e a demarcação e homologação do seu tekoha (terra indígena), uma dívida do Estado brasileiro que já leva mais de duas décadas.
O comunicado do Conselho de Aty Guasu, que reúne as lideranças das aldeias Guarani-Kaiowá, advertiu que o protesto passivo dos indígenas tem aumentado a tensão com a presença dos agentes da Polícia Federal (PF) e Fundação Nacional do Índio (Funai).
Ironicamente, as forças de segurança federais que se acercam ao local no protesto dos Guarani-Kaiowá, não respondem aos pedidos de uma presença permanente nas aldeias, feitos pelos indígenas para evitar novos assassinatos na comunidade.

Estado de Violência
Para Valdelice Verón a violência está diretamente vinculada à indiferença do Estado brasileiro: “A estrada dos fazendeiros Vieira e Aladino passa no meio da aldeia indígena. Quando os Guarani-Kaiowá querem pescar na propriedade das fazendas eles atiram sem perguntar.”
E faz referência à presidente Dilma Roussef: “Ela mentiu porque falaram que não devíamos fazer retomadas de terra até abril. Uma mentira dela para mostrar para os norte-americanos que todas as etnias estão bem no Brasil e o governo não vai ter problemas para a Copa do Mundo.”
Valdelice Verón também lembra: “O líder de Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul) prometeu no dia 25 de novembro de 2012, diante da presidente da Funai e do Ministério Público que não iam ocorrer mais mortes até abril. Então para que contratam a empresa de segurança Sepriva e os pistoleiros?”
Somente em janeiro de 2013 a aldeia Taquara teve dois incêndios suspeitos; o cacique Ladio Verón, da mesma aldeia, foi ameaçado de morte; e o cacique Valdemir Salina da Aldeia Remanso Gwasu foi ferido por um disparo de arma de fogo. Em 9 anos foram assassinadas mais de 273 lideranças Guaraní-Kaiowá.

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