Do Último Segundo – 22/04/2013
Considerado um dos pivôs dos
conflitos entre integrantes da Polícia Militar e do Primeiro Comando Capital
(PCC) no ano passado, o tenente-coronel Salvador Modesto Madia estará no banco
dos réus no próximo julgamento dos acusados pelo massacre na Casa de Detenção
do Carandiru. A previsão da defesa é que o júri, que está acontecendo
separadamente para cada um dos quatro pavimentos onde ocorreu o crime, seja em
setembro.
No dia da invasão ao Carandiru,
em 2 de outubro de 1992, Madia era tenente e o quarto homem na linha de comando
da tropa que retomou o terceiro pavimento do pavilhão 9. Segundo o Ministério
Público Estadual, a tomada desse piso foi a mais sangrenta, provocando a morte
de 73 detentos. Madia era comandado pelo capitão Valter Alves Mendonça e atuou
acompanhado de 28 homens das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota).
O coronel Luiz Nakaharada, que em
1992 era do 3° Batalhão de Choque e o oficial mais graduado depois do coronel
Ubiratan Guimarães, comandante da operação, também será julgado. Nakaharada é
apontado em testemunhos como autor de ao menos cinco homicídios ocorridos no
local.
Em novembro de 2011, Madia
assumiu o comando da Rota em substituição ao tenente-coronel Paulo Telhada,
hoje vereador pelo PSDB. Seis meses depois, na metade do ano passado,
integrantes do PCC passaram a matar policiais militares. A atuação truculenta
da Rota, que havia matado lideranças da facção, foi um dos motivos apontados
para explicar os ataques a policiais. Em setembro de 2012, no auge da crise da
segurança, Madia foi retirado do comando da Rota e assumiu o 4° Batalhão de
Choque.
Liberdade
Apesar da pena de 156 anos
aplicada na madrugada de domingo, dia 21, a cada um dos 23 policiais militares
acusados de matar 13 pessoas no segundo pavimento da Casa de Detenção, os PMs
devem ficar ainda alguns anos em liberdade. Alguns deles, como o capitão do
Corpo de Bombeiros Marco Ricardo Polinato, que na época era soldado da Rota,
devem seguir trabalhando enquanto isso. Para o advogado Marcelo Feller, a
importância política do caso pode até acelerar o trâmite do julgamento, que
costuma ser lento.
Em situações normais, segundo
Feller, o recurso no Tribunal de Justiça, pode levar de seis meses a um ano.
Nos tribunais superiores, como Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal
Federal, casos normais podem levar três anos. "Só que é impossível calcular
quanto vai levar o caso do Carandiru, dada a grande quantidade de réus",
disse.
O promotor Maurício Ribeiro
Lopes, que atuou na área criminal por anos, avalia também que cada caso tem um
tempo diferente. "Não tem uma regra assim para isso. Quando o réu está
solto, demora muito mais do que quando ele está preso. Mas o caso do Carandiru
é fora de qualquer parâmetro", diz. O promotor estima que, em casos
comuns, a apelação ao Tribunal de Justiça não demora mais de dois anos."
Já o tempo do recurso para os
tribunais superiores em Brasília é rigorosamente incalculável. Há processos
esperando até 20 anos." Logo depois da sentença, foi justamente esse o
alerta do promotor Fernando Pereira da Silva, que atuou na condenação dos PMs
na madrugada de ontem. "O caso já levou 20 anos. Esperamos que os recursos
não levem o mesmo tempo". As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário