Do Boas Notícias – 02/04/2013
A "causa ambiental" e a
"preocupação com a sustentabilidade" sempre estiveram presentes no
dia-a-dia de Nuno Bernardes e Mónica Oliveira. Foi com estes ideais como pano
de fundo que nasceu, o ano passado, a Papel Florescente, uma empresa portuguesa
que produz folhas de papel reciclado especiais: depois de usadas, podem ser
semeadas e dão origem às mais variadas flores e plantas.
Se a ideia de utilizar, por
exemplo, o papel de uma carta recebida pelo correio como
"matéria-prima" para cultivar, em casa, folhas de chá de camomila,
agrião ou cravos franceses pode parecer remota à primeira vista, está agora
mais perto graças ao trabalho destes dois portugueses, com formação em Economia
e Marketing, que decidiram contribuir para tornar a vida na Terra mais
ecológica.
"Sempre admirámos as iniciativas que iam
surgindo em prol da sustentabilidade do planeta e sempre ambicionámos poder
vir, um dia, a explorar áreas ou os recursos que ele nos oferece sem grandes
impactos negativos", conta Nuno Bernardes, de 35 anos, em entrevista ao
Boas Notícias.
Foi por esta razão que, quando,
em conversa com a sócia Mónica Oliveira, de 34, a ideia de criar folhas de
papel reciclado com sementes incorporadas surgiu, ambos se entusiasmaram de
imediato com a possibilidade, já utilizada em tempos passados. "A ideia
era tão desafiadora, tão excitante e inovadora que era impossível não
avançar", confessa o empreendedor português.
Mas, afinal, o que distingue
estas folhas? Em suma, a principal novidade está na utilização das sementes,
que são "aplicadas no papel na altura em que a folha está a ser
produzida". A folha final é o resultado de uma folha dupla e, no meio,
estão as sementes que vão dar vida ao papel que, de outra forma, acabaria no
lixo, esclarece Nuno Bernardes.
Produção
é "totalmente" artesanal e amiga do ambiente
A produção é feita de modo
"totalmente ecológico e artesanal": primeiro, "o papel é
selecionado e moído em água até formar uma pasta"; depois,
"acrescenta-se ainda uma espécie de cola, desenvolvida especialmente para
este papel para não ferir as sementes" e estas são inseridas entre as duas
"camadas".
"De um modo geral escolhemos
sementes, devidamente selecionadas e certificadas, que sejam pequenas, que
facilitem o processo de impressão e que ofereçam maior garantia de
germinação", explicam os responsáveis da Papel Florescente.
As folhas produzidas pela empresa
"possuem uma variedade vasta de escolhas entre flores, 'gourmet' ou
chás" - que permitem cultivar cravo francês, boca de leão, cosmea, chá de
camomila, agrião, rúcula, salsinha, manjericão e pimenta - mas, segundo Nuno
Bernardes, "as sementes maiores não podem ser utilizadas para
impressão".
De qualquer das formas, garante,
a empresa está sempre disponível para trabalhar "com outras sementes que
sejam sugeridas pelos clientes", embora seja necessária uma análise prévia
do que será possível fazer.
Para já, estas folhas de papel
que "florescem" depois de usadas estão apenas à venda nas cores
branca e parda, mas brevemente estará disponível a oferta "de papel com
outras cores e padrões diferenciados", desvenda Nuno ao Boas Notícias.
No que toca a preços, uma folha
A4, sem qualquer impressão, tem, em média, o custo de 1,90€,
"independentemente da gramagem, da cor (branca ou parda) e da
semente", sendo as folhas vendidas em pacotes de 10 unidades.
"Comercializamos também
noutros tamanhos, como, por exemplo, A5 e A6, pelos valores de 0,95€ e 0,65€,
respetivamente", adianta o empresário, acrescentando que "o preço das
restantes peças varia conforme os trabalhos, formas, quantidades pedidas e
impressão - simples ou dupla".
Adesão ao produto está a superar
as expetativas
Embora o projeto tenha apenas
arrancado em Novembro de 2012, Nuno e Mónica mostram-se satisfeitos com os
resultados obtidos até ao momento, reconhecendo que "os portugueses, tanto
em termos individuais como a nível empresarial, estão cada vez mais conscientes
da necessidade de um mundo sustentável", estando, portanto, "bastante
recetivos a este tipo de produto".
"Acreditamos que fizemos uma
boa avaliação do mercado português e que existe lugar para o nosso
produto", destacam os fundadores da Papel Florescente, sublinhando a
existência de "um número interessante de empresas com projetos focados na
área da sustentabilidade e que procuram diminuir o impacto ambiental que causam",
algo que também "já é uma preocupação nos governos corporativos".
De acordo com Nuno Bernardes,
"as empresas têm reconhecido a vantagem" deste "papel ecológico
e artesanal como instrumento primordial, de comunicação corporativa, em termos
sociais e ambientais" e as reações têm sido "mais que positivas"
desde o início da comercialização destas folhas de papel com sementes.
O próximo passo será continuar
"a fazer a divulgação do produto e a alertar para a necessidade da
utilização de materiais sustentáveis", com o objetivo de ampliar a
utilização do Papel Florescente, cujo sucesso inicial está já "bastante
acima" das expetativas, concluem.
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