Do O Povo – 29/08/2013
O Nordeste sofreu o terceiro
apagão de energia elétrica em menos de um ano. Todos os estados da região foram
afetados pela pane. Além do trânsito descontrolado nas capitais e da falta de
informações, o serviço de telefonia foi prejudicado. Às 14h58min do dia 28 de
agosto, quarta-feira, segundo informações do Operador Nacional do Sistema
(ONS), ocorreu o primeiro desligamento. Minutos depois, a transmissão foi
novamente cortada.
Há exatos 341 dias, um problema
na subestação de Imperatriz (MA) deixou 11 estados das regiões Norte e
Nordeste, mas não o Ceará, sem fornecimento de energia elétrica. Já em outubro
do ano passado, 35 dias depois, outra queda de energia atingiu as regiões, com
12 estados afetados.
O ministro das Minas e Energia,
Edison Lobão, afirmou que a falha no fornecimento ocorrida no dia 28 foi
provocada por uma queimada numa fazenda de Canto do Buriti (PI). Nesse
incidente, duas linhas de transmissão foram afetadas - uma da espanhola Isolux
e outra da Taesa, controlada pela Cemig, empresa que atua em 22 estados
brasileiros.
Conforme Lobão, o sistema foi
restabelecido em seguida. Mas caiu, novamente, afetando uma linha que interliga
o resto do País ao Nordeste. Apesar da dificuldade, o ministro garantiu que o
sistema elétrico brasileiro “é forte e não existe fragilidade no sistema. Isso
acontece no Brasil, nos EUA e em outros lugares”, disse, afirmando que a queda
no fornecimento atingiu 10,9 mil megawatts.
No Ceará, o fornecimento foi
totalmente restabelecido às 18h05min, segundo informou em nota a Companhia
Energética do Ceará (Coelce). Fortaleza foi a segunda capital do Nordeste a ter
a oferta de energia elétrica regularizada, por volta das 16 horas.
Queimadas
O consultor de energia da
Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, afirma que as
queimadas são conhecidas causas de defeito na transmissão. No entanto, alerta
que o sistema é composto por proteções que eliminam somente a linha defeituosa,
e não todo o sistema.
“A proteção deve ser capaz de
eliminar somente o que está diretamente ligado ao defeito. Não é, praticamente,
para ser sentido nenhum problema, porque esse sistema de transmissão é todo
feito para operar com um equipamento a menos, sempre existe uma reserva”,
analisa. Os sensores responsáveis pela proteção dos sistemas elétricos são
chamados de relé. “Um sistema de proteção adequado elimina somente os
equipamentos defeituosos e não derruba o sistema todo”, reitera o especialista.
ENTENDA
A NOTÍCIA
Todos os estados do Nordeste
foram atingidos por um apagão de energia elétrica na tarde de quarta-feira, dia
28. Segundo o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, o problema foi gerado
por uma queimada, que ocorreu no Piauí.
Em sorveterias e frigoríficos, o
apagão não causou prejuízos. Segundo funcionários dos locais, a falta de
energia elétrica não descongelou os sorvetes, que aguentariam a falta de
refrigeração por até 2h30min. Nos frigoríficos, câmaras refrigeradas garantiram
a conservação dos produtos.
Os bombeiros foram solicitados
pela Caixa Econômica do Shopping Benfica, por conta de um curto-circuito em uma
lâmpada. O Corpo de Bombeiros registrou dois casos de pessoas que ficaram
presas em elevadores de condomínios residenciais.
Nas agências bancárias, foram
registrados apenas casos de problemas em ar-condicionados.
O apagão afetou exibição de
sessões de cinema em Fortaleza. Nos cinemas Kinoplex, no North Shopping, pelo
menos seis sessões deixaram de ser exibidas. Os clientes foram ressarcidos. No
Shopping Benfica, funcionários dos cinemas também tiveram de devolver dinheiro
aos espectadores.
Segundo o soldado Leônidas
Bezerra, do supervisionamento do Comando da Capital, não foram registradas
ocorrências relacionadas à falta de energia.
A falta de energia foi sentida
nas escolas. Em algumas, a semana de provas minimizou o impacto do apagão na
rotina dos estudantes em sala de aula. Na escola estadual Governador Adauto
Bezerra, no Bairro de Fátima, os professores e os cerca de mil alunos do ensino
médio foram liberados. No Juvenal de Carvalho, a saída encontrada foi abrir
todas as portas e janelas, para suprir a inativação das luzes e dos aparelhos
de ar-condicionado.
No aeroporto Pinto Martins, a
escuridão durou “menos de um minuto”, segundo a assessoria de imprensa. O setor
informou que logo os geradores começaram a funcionar e “não houve prejuízos na
operacionalização”. No entanto, o jornalista Emmanuel Macêdo, que desembarcou
no aeroporto no momento do blackout, afirmou que o apagão durou de 20 a 30
minutos.
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