domingo, 1 de setembro de 2013

Ataque à Síria acontecerá mesmo sem aval do Congresso, dizem Estados Unidos

Do UOL – 01/09/2013

John Kerry, secretário de Estado dos Estados Unidos, afirmou no domingo, 1º de setembro, que o país atacará a Síria mesmo sem o aval do Congresso. Em entrevista o canal norte-americano CNN, Kerry disse ainda que foi confirmado o uso de gás sarin pela Síria nos ataques a civis do país, apesar de o regime sírio desmentir.
A descoberta foi feita depois de o governo americano ter acesso a amostras de sangue e de cabelo doadas por socorristas de Damasco das vítimas do ataque, no qual segundo os EUA morreram 1.429 pessoas, "deram positivo" para exposição ao sarin, detalhou Kerry.
"Achamos que o caso (contra a Síria) é poderoso e continua crescendo a cada dia", disse o chefe da diplomacia americana, que se mostrou convencido de que o Congresso dará ao presidente Barack Obama a autorização solicitada para uma ação militar contra o regime de Bashar al Assad.
O gás sarin é uma substância tóxica que afeta o sistema nervoso e causa lesões semelhantes a queimaduras pelo corpo. Seu uso é vetado pela comunidade internacional.
A prova recolhida a revelia da ONU "reforça o apelo do presidente Barack Obama por uma ação militar", disse Kerry.
"O presidente fez sua escolha primeiro e a anunciou. Sua decisão é que ele acredita que os Estados Unidos devem fazer uma ação militar para deter Assad de usar suas armas. Essa é a sua decisão. Ele tem o direito de fazer, não importa o que o Congresso faça", disse Kerry.
O secretário disse ainda que a administração de Obama trabalha para ganhar apoio entre os legisladores.
Uma missão da ONU foi à Síria para investigar o uso de armas químicas. A equipe de inspeção, liderada pelo cientista sueco Åke Sellström, permaneceu no país entre os dias 18 e 30 de agosto, quando os inspetores partiram para a Holanda com amostras que serão analisadas pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), localizada em Haia. A ONU não informou sobre qualquer resultado das amostras.
No domingo, dia 1º, o jornal britânico "Le Journal du Dimanche", afirmou que os serviços franceses de inteligência têm provas de que o regime sírio de Bashar Assad possui mil toneladas de armas químicas e agentes tóxicos entre gás sarin, mostarda e VX, e que utilizou esse tipo de arsenal no dia 21 de agosto.
No dia 31 de agosto, Obama anunciou que decidiu pela ação militar no país, mas que esperaria o aval do Congresso, que deve votar sobre o caso depois de voltar do recesso em 9 de setembro.
A ação militar dos EUA seria uma retaliação ao governo sírio, acusado de usar armas químicas contra civis no país. Obama falou que o episódio foi o "pior ataque químico do século 21".
A Síria vive uma guerra civil desde 2011, entre grupos rebeldes e forças do governo, que causou um enorme êxodo do país, com milhões de refugiados, e mais de 100 mil pessoas mortas.
"Estou confiante que o governo fará o que tiver que ser feito", disse Obama. "Que mensagem nós daremos se não fizermos nada?"
Obama disse ainda no sábado, dia 31 de agosto, que o país "não pode fechar os olhos para o que está acontecendo em Damasco" e que ele não foi eleito para "evitar decisões difíceis".
O presidente citou que as imagens divulgadas de pessoas queimadas, as quais chamou de 'terríveis',  foram um "insulto a dignidade humana".
Logo após o pronunciamento de Obama, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse que "entende e apoia" a decisão do presidente dos Estados Unidos.

Na quinta-feira, dia 29 de agosto, Cameron teve que desistir de participar dessa operação militar após perder uma votação no Parlamento.
Uma pesquisa divulgada no domingo, dia 1º de setembro, pelo jornal britânico "The Observer", mostrou que aproximadamente 60% dos cidadãos do Reino Unido são contrários à participação de seu país em um possível ataque à Síria.
Antes do anúncio, legisladores dos EUA já pressionavam o presidente por mais informações, e muitos expressavam reservas sobre o custo e o impacto dos potenciais ataques.
O anúncio acontece um dia depois de a Casa Branca divulgar um relatório no qual aponta o regime de Damasco responsável pelo ataque com armas químicas em 21 de agosto, que matou pelo menos 1.429 civis, sendo um terço deles crianças.
A maioria dos norte-americanos não querem que os EUA façam uma intervenção na Síria. Uma pesquisa Reuters/Ipsos feita na semana do dia 26 de agosto mostrou que apenas 20 por cento acreditam que o país deveria tomar uma ação, isso ante nove por cento uma semana antes. (Com agências internacionais)

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