Revista Veja – Edição nº 2318 –
24 de abril de 2013
Na terça, dia 16, o líder do PT,
José Guimarães, e o do PV, Sarney Filho, entraram no gabinete do presidente da
Câmara, Henrique Alves (PMDB). Assustados, relataram que índios armados com
bordunas e arco e flecha haviam ocupado o salão verde da Casa e rumavam na
direção do plenário. Os deputados pediram ao presidente que adiasse a
instalação de uma comissão que analisará a proposta que tira da Funai o poder
para demarcar as terras indígenas, transferindo-o para o Congresso - justamente
a medida que causava o protesto. Logo após o diálogo, centenas de índios de
diversas etnias invadiram o plenário e se sentaram nas cadeiras dos deputados,
provocando uma barata-voa de excelências nunca antes vista na história do país.
Foi o suficiente para o presidente aceitar a sugestão dos colegas.
Temendo um confronto entre índios
e seguranças e considerando a ameaça do deputado Abelardo Lupion (DEM), que
prometera levar 1.000 homens armados à Câmara para se contrapor aos índios,
Alves prorrogou a instalação da comissão em seis meses. Fez, portanto, o que os
índios queriam. Os índios têm o direito de se manifestar, mas devem respeito às
regras, inclusive às de boa convivência. O mais grave é que eles foram
insuflados pela própria Funai a abortar na marra o debate de um projeto. Foram
funcionários do órgão que organizaram a manifestação.
“Muitos índios são servidores da Funai e estão
nos ajudando”, confessou o cacique Natanael Munduruku. A foto dos índios
tomando de assalto o plenário só ajuda a fomentar lendas indigentes segundo as
quais trombamos com macaquinhos a cada esquina. Além disso, arranha a imagem da
nossa democracia, que, gostem ou não, vale sim para todos no Brasil.
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