terça-feira, 7 de maio de 2013

Fica a dica


Imprensa Marrom
Pouca gente sabe o berço dessa expressão que designa o jornalismo sensacionalista. Surgiu inspirada na expressão americana yellow press, que apareceu no final do século 19 quando dois jornais novaiorquinos disputavam a primazia de publicar, com exclusividade, a tira de histórias em quadrinhos As Aventuras de Yellow Kid, o herói amarelo. A baixaria foi tão grande que o amarelo do nome do cobiçado personagem virou sinônimo de imprensa sem escrúpulos.
Em 1959, o jornalista Alberto Dines, ao produzir matéria sobre o suicídio de um cineasta que vinha sendo chantageado por uma revista com o sugestivo nome de Escândalo - useira e vezeira em extorquir dinheiro de pessoas fotografadas em situações comprometedoras - deu-lhe o título de "Imprensa Amarela Leva Cineasta ao Suicídio". Imediatamente o chefe de reportagem do veículo, Calazans Fernandes, fez o ácido comentário: “O amarelo é uma cor bonita, está até na bandeira nacional. Não merece ser usado numa notícia como essa. Vamos mudar para o marrom, que é escuro e lembra sujeira”.



Imprensa chapa-branca
O debate sobre o jornalismo é antigo e já tem resposta: a lei deve garantir que a imprensa seja livre. A qualidade da informação depende da sociedade e – me perdoem o palavrão – do mercado.
Considerem, por exemplo, a imprensa chapa-branca, aquela que vive do dinheiro do governo, transferido via publicidade ou benefícios fiscais. O jornalismo que sai daí obviamente não é livre. Do mesmo modo, as empresas que o veiculam não têm consistência econômica – pois não sobrevivem fora das verbas públicas, cuja doação depende dos governantes de plantão – e, assim, também não podem ser independentes e isentas.
É engraçado: a imprensa chapa-branca produz jornalismo marrom – que privilegia uma determinada visão dos fatos, aquela sustentada pelo seu patrocinador. Além do governo, o patrocinador pode ser um partido, um político ou uma igreja, conforme se vê na experiência brasileira dos últimos tempos. O que há de comum entre todos é a vinculação com alguma instância de governo, municipal, estadual e/ou federal.
O que distingue essa imprensa daquela livre e independente é o público e, de novo, o mercado. Jornalismo é caro. Por isso, produzir e veicular notícias tem que ser encarado como um negócio e uma missão.

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