O Povo - 09/04/2013
Os três mandatos consecutivos de
Margaret Thatcher (1925-2013) foram um laboratório para o mundo. De 4 de maio
de 1979 a 22 de novembro de 1990, a britânica de Grantham, que morreu ontem de
derrame cerebral, pôs em prática o neoliberalismo que iria se espalhar pela
América Latina nos anos 1990 e atingir o Brasil.
Por isso, mesmo de extração
conservadora, ela é considerada por muitos como uma figura inovadora - e
extremamente controversa. Quando assumiu o cargo de primeira-ministra, a
economia inglesa cambaleava. Vinha de um modelo que havia dado certo por muito
tempo, mas já dava sinais de “esgotamento”: fortes investimentos públicos, em
obras e seguridade social, desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
O novo liberalismo opunha-se a
esse Estado de bem-estar social. A ideia, então, era aplicar austeridade nos
gastos do governo, além de cortar impostos e taxas, para que a iniciativa
privada inglesa pudesse acabar mais lucrativa e menos regulada. Nessas mudanças
também, muitas empresas públicas - como abastecimento de água, eletricidade e
ferrovias - foram privatizadas, desregulamentando a força e o papel do Estado.
O resultado foi uma quebradeira
de empresas, disparada do desemprego e da inflação. Não à toa, em dezembro de
1980, Thatcher viu sua popularidade atingir níveis alarmantes: 23%. Mas a
disputa com a Argentina pelas Ilhas Malvinas, em 1982, às vésperas da eleição,
fizeram o fervor nacionalista inglês pender em prol da primeira-ministra.
Reeleita, aprofundou as reformas.
Foi nesse período que saiu das mãos do Estado a maioria das indústrias. “Essa
diminuição do Estado no sentido social vem com um processo de liberalização das
relações trabalhistas, inclusive com polícia na rua contra reivindicações
sindicais”, afirma o professor do departamento de Teoria Econômica da
Universidade Federal do Ceará (UFC), André Ferreira.
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