Da Folha e da Agência Brasil –
11/01/2014
A Polícia Militar usou bombas de
gás lacrimogêneo e efeito moral, além de balas de borracha, contra um grupo de
jovens que participava de um encontro conhecido como "rolezinho" em
São Paulo. O confronto ocorreu no início da noite de sábado, dia 11 de janeiro,
em frente ao shopping Itaquera, na zona leste da cidade.
Segundo a Polícia Militar, cerca
de mil pessoas participaram do encontro marcado por meio de redes sociais,
enquanto o shopping estima que 3.000 jovens estavam no encontro. Uma
funcionária de um restaurante do local desmaiou e foi retirada de maca. Não há
informações sobre o estado de saúde dela.
Duas pessoas foram detidas e
encaminhadas a uma delegacia da região. A PM informou que eles participaram de
depredações a lojas do terminal de ônibus Itaquera. A assessoria de imprensa do
centro comercial informou que não houve ocorrência de furtos ou roubos. Os
lojistas, porém, tiveram que abaixar as portas durante cerca de uma hora.
Ao menos seis shoppings de São
Paulo conseguiram uma liminar na Justiça para impedir os encontros de jovens
conhecidos como "rolezinhos". Em São Paulo, os shoppings JK Iguatemi,
Itaquera e Campo Limpo foram beneficiados pela decisão temporária.
Mesmo assim, os jovens entraram
no shopping e começaram a cantar e andar em grupos. Policiais militares
aplicaram golpes de cassetete em alguns deles e retirou os jovens do local. Na
rampa que liga o centro de compras ao metrô, os policiais usaram bombas e balas
de borracha para dispersar o grupo. O shopping foi fechado e apenas a entrada
de pessoas identificadas como não participantes do "rolezinho" foi
permitida pela polícia.
No terminal de ônibus que fica
embaixo da rampa de acesso ao shopping, os policiais voltaram a usar balas de
borracha e bombas contra os jovens. Às 19h45, a Polícia Militar informou que a
situação era "crítica na estação Itaquera" e que "todo o
policiamento está apoiado" para atender a ocorrência. A polícia disse
ainda que, durante o confronto no terminal, "diversas lojas foram
danificadas”.
Para o sociólogo João Clemente
Neto, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, as manifestações emshoppings
estão ligadas à carência de locais para lazer e cultura. “Se você for em alguns
lugares, mesmo nos bairros da classe média, você não encontra espaço para isso.
Se você pegar a cidade de São Paulo, quantos milhões de jovens e adolescentes
nós temos? E os espaços para livre manifestação são minúsculos”, ressaltou o
professor, que trabalha com crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade.
Para Neto, os jovens optam por se
manifestar nos shoppings pela visibilidade dos locais e pela mensagem que eles
tentam passar. “Tudo que nós falamos de consumo, que ele quer ver e quer
consumir, aparece noshopping. E, ao mesmo tempo, é uma forma de resistência,
porque ali é o espaço do consumo. Então, quando você fala ali, é uma forma
daquele grupo se reconhecer naquele espaço”, concluiu.
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