Meta é vacinar 80% do público-alvo, meninas de 11 a 13 anos. O vírus HPV é a principal causa do câncer do colo de útero
A presidenta Dilma
Rousseff e o Ministro da Saúde, Arthur Chioro, participaram, na tarde desta
segunda-feira (10), em São Paulo, da cerimônia de lançamento da vacinação
nacional contra o HPV. A presidenta destacou o slogan da campanha
"Cada menina é de um jeito, mas todas as meninas precisam de
proteção", e reafirmou que é obrigação do Estado garantir proteção a todas.
"Vocês vão ter papel protagonista nesse País, porque nós, mulheres, temos
mudado progressivamente a situação das mulheres,”disse.
O ministro Arhtur
Chioro destacou a importância da inclusão da vacina no calendário de vacinação
de meninas de 11 a 13 anos. “Só nas aldeias indígenas começaremos já com
as meninas de 9. Em 2015, vamos vacinar as meninas 9, 10 e 11 anos. Quem se
vacinar neste ano precisa tomar a segunda dose daqui a seis meses e tomar
reforço daqui a 5 anos”, disse.
A vacina, que
na rede particular custa R$ 500 reais, e que deve ser tomada em três doses,
acarretaria um custo muito alto para a família brasileira no valor de R$ 1500.
"A vacina HPV é segura e tem reconhecimento da Organização Mundial
da Saúde, e faz parte da política de atenção integral à saúde da mulher",
afirmou o ministro.
Ação
Pela manhã, postos
de saúde e escolas públicas e privadas iniciaram a vacinação contra HPV em
meninas de 11 a 13 anos. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% do
público-alvo, formado por 5,2 milhões de meninas nessa faixa-etária.
O vírus HPV é a
principal causa do câncer do colo de útero, terceiro tipo mais frequente entre
as mulheres, atrás apenas do de mama e de cólon e reto.
Para garantir maior
cobertura vacinal, o Ministério da Saúde recomenda que a primeira dose (de um
total de três) seja aplicada nas escolas públicas e privadas que aderiram à
estratégia. A vacina – que passa a integrar o calendário nacional - também
estará disponível nas 36 mil salas de vacinação da rede pública de saúde durante
todo o ano. A segunda será aplicada com intervalo de seis meses e a terceira,
de reforço, será tomada cinco anos após a primeira dose.
As secretarias municipais de Saúde foram orientadas para programar a
vacinação nas escolas a partir do dia 10 de março. As instituições de ensino
devem informar, com antecedência, aos pais ou responsáveis a data de vacinação.
Tanto no ambiente escolar como nos postos de saúde, a vacina será
aplicada por profissionais de saúde. Os pais ou responsáveis que não quiserem
que a adolescente seja vacinada deverão preencher e enviar à escola o termo de
recusa distribuído pela instituição de ensino antes da vacinação.
No caso das unidades de saúde, é importante que a adolescente apresente
a caderneta de vacinação. Para assegurar a aplicação das três doses, o serviço
de saúde vai registrar cada adolescente imunizada, monitorar a cobertura
vacinal e realizar, se necessário, a busca ativa das meninas.
Esquema vacinal
O esquema adotado pelo Ministério da Saúde é chamado de “estendido” e
composto por três doses. Recomendado pela Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS/OMS) e utilizado em países como Canadá, México, Colômbia e Suíça, o
modelo garante maior duração da proteção fornecida pela vacina.
Ao iniciar a imunização, seja na escola ou no posto de saúde, a
adolescente receberá orientações sobre aonde se dirigir para a administração da
segunda dose, que ocorrerá na unidade de saúde. Neste ano, serão vacinadas
meninas de 11 a 13 anos.
Em 2015, a vacina passa a ser oferecida para as adolescentes de 9 a 11
anos e, em 2016, às meninas que completam nove anos. Com isso, o Brasil, em
apenas dois anos, protegerá a faixa etária (meninas de 9 a 13 anos) que melhor
se beneficia da proteção da vacina.
Proteção
O Ministério da Saúde adquiriu 15 milhões de doses para o primeiro ano
de vacinação. A vacina utilizada é a quadrivalente, que confere proteção contra
quatro subtipos (6, 11, 16 e 18) do HPV, dos quais dois (subtipos 16 e 18) são
responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero em todo
mundo.
Usada como estratégia de saúde pública em 51 países, a quadrivalente é
recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem eficácia de 98%
contra o vírus HPV.
A vacinação é o primeiro de uma série de cuidados que a mulher deve
adotar para a prevenção do HPV e do câncer do colo do útero. Ela não substitui
a realização do exame preventivo e nem o uso do preservativo nas relações
sexuais.
O Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa etária dos 25 aos 64
anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, a cada três anos, após dois
exames anuais consecutivos negativos.
Campanha
Desde o último sábado (8), o Ministério da Saúde veicula uma campanha
publicitária que orienta a população sobre a importância da prevenção contra o
câncer do colo de útero em TV, rádios e jornais. Com o tema “Cada menina é de
um jeito, mas todas precisam de proteção”, as peças convocam as adolescentes
para se vacinar e alertam as mulheres sobre a prevenção.
As informações são veiculadas por meio de cartazes, spot de rádio, filme
para TV, anúncio em revistas, outdoors e campanhas na internet, especialmente
nas redes sociais. O investimento do Ministério da Saúde na campanha
publicitária é de R$ 20 milhões.
Produção Nacional
Para a produção da vacina contra o HPV, o Ministério da Saúde firmou
Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o Instituto Butantan e o
laboratório privado Merck Sharp & Dohme (MSD).
Será investido R$
1,1 bilhão na compra de 41 milhões de doses da vacina durante cinco anos –
período necessário para a total transferência de tecnologia ao laboratório
brasileiro. A PDP possibilitou uma economia estimada de R$ 83,5 milhões na
compra da vacina em 2014. O Ministério da Saúde pagará R$ 31,02 por dose,
o menor preço já praticado no mercado.
HPV
O HPV é um vírus transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas
infectadas por meio de relações sexuais. Por tratar-se de um vírus que se
transmite com muita facilidade, considera-se que o HPV seja a infecção sexualmente
transmitida mais comum no mundo, com quase todas as pessoas sexualmente ativas
tendo contato com o vírus em algum momento da sua vida.
Na grande maioria, o HPV cura-se espontaneamente, mas em algumas
mulheres eles produzem lesões que podem desencadear o câncer de colo do útero.
O HPV também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto.
Estima-se que 270 mil mulheres, no mundo, morrem devido ao câncer de colo do
útero. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 15 mil
novos casos e cerca de 4,8 mil óbitos nesse ano.
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